sábado, 14 de agosto de 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

As redes de atenção à saúde e o Protocolo de Classificação de Risco de Manchester


A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina iniciou a discussão da construção das Redes de Atenção à Saúde para o Estado de Santa Catarina, em maio de 2009.


A partir desta data, os 26 Municípios das Macrorregiões Nordeste e do Planalto Norte de Santa Catarina passaram a trabalhar em Oficinas para a Construção do Plano de Fortalecimento da Atenção Primária em Saúde e do Plano de Organização da Rede de Urgência e Emergência.

A organização de Redes de Atenção à Saúde possui por objetivo atender o cidadão em suas necessidades de saúde, no tempo certo, no local correto, com qualidade e responsabilidade sanitária.

O Protocolo de Classificação de Risco de Manchester foi adotado para se tornar uma linguagem única a ser utilizada em todos os Pontos de Atenção da Rede de Atenção à Saúde. Ou seja: a linguagem a ser usada futuramente pelas Unidades Básicas de Saúde até os grandes Hospitais de Referência, possibilitando a análise e correção do tempo de espera do usuário, prestando o atendimento correto, no local certo, com qualidade.

O Protocolo de Classificação de Risco no Serviço de Urgência e Emergência – Sistema Manchester - é um instrumento de gestão de urgência, tendo em vista a uniformização dos procedimentos, o apoio à decisão, a otimização da capacidade instalada, a qualidade /adequação dos cuidados e a responsabilização, tanto de usuários como de profissionais, indivíduos como de instituições, perante o acesso aos Serviços de Urgência.

Consiste em classificar, não “triar”, porque “triar” pressupõe exclusão. O profissional enfermeiro classifica todos os usuários que procuram o serviço de urgência priorizando o indivíduo que está em risco de morte, órgãos ou funções identificando-o com fitas de cor vermelha, laranja, amarela, verde ou azul.

O profissional classificador identifica o risco através dos sintomas apresentados pelo cidadão e pela queixa que o usuário refere ao procurar o serviço de urgência e emergência. Não há diagnóstico, até por que diagnóstico é considerado um ato médico e o Protocolo de Classificação de Risco é altamente ético e protetor do profissional e do paciente.

A Instituição que adota o Protocolo de Classificação de Risco no Serviço de Urgência e Emergência – Sistema Manchester como modelo de classificação de risco, se compromete a envolver a sua Coordenação Administrativa, Clínica e de Enfermagem, bem como as Coordenações Médicas da Urgência e Emergência. Indicando profissional médico e enfermeiro para capacitação e certificação como classificadores através Secretaria de Estado da Saúde com o apoio do Grupo Brasileiro de Classificação de Risco/GBCR e o serviço de formação regional. E, por fim, nomeia um médico responsável pela implementação do modelo proposto.

Nas Macrorregiões Nordeste e Planalto Norte de Santa Catarina foram capacitados até o presente momento, em torno de 200 profissionais, entre eles, 30 médicos. Os médicos são capacitados como classificadores e passam por mais uma nova capacitação que os habilita como Auditores e responsáveis pelo processo.

Portanto, a adoção do Protocolo de Classificação de Risco - sistema Manchester é um processo completamente legítimo, ético e dentro dos padrões estabelecidos internacionalmente.



Vera Lúcia Freitas
Organizadora das Capacitações para uso do Protocolo de Classificação de Risco - Manchester
Redes de Atenção à Saúde – 23ª GERSA

Douglas Calheiros Machado
Gerente da 23ª Gerência Regional de Saúde

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Em defesa do Protocolo de Manchester

Nos últimos dias a imprensa vem publicando algumas posições contrárias a implantação do Protocolo de Manchester em Joinville. Gostaria de lembrar que até o início da implantação do referido protocolo todos os pacientes que procuravam uma unidade de urgência e emergência, aguardavam na sua grande maioria, ser atendido obedecendo o seu horário de chegada, critério esse que trazia riscos para a vida do paciente.
Aproveitamos para dizer que o acolhimento com classificação de risco é uma ferramenta prevista na legislação brasileira pela portaria do Ministério da Saúde que regulamenta a organização da resposta às urgências no país e que claramente diz que o processo de acolhimento com Classificação de Risco deve ser realizado por profissionais de saúde, de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e que tem por objetivo avaliar o grau de urgências das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o atendimento, e não por ordem de chegada.
Esta portaria foi reconhecida e aprovada por todas as representações de classe, em especial a médica e a de enfermagem, na época de sua publicação, sendo também a referência legal no assunto para o Poder Judiciário, além de que em 2009 o Ministério da Saúde coloca o acolhimento com classificação de risco como obrigatórios nas unidades não hospitalares de atenção às urgência e emergência.
Lembramos aqui que esse mesmo protocolo foi implantado no estado de Minas Gerais. O Conselho Regional de Medicina daquele estado avaliou que os critérios utilizados são amplos e com grande sensibilidade, evitando a inclusão de quaisquer termos que constituam diagnóstico, que é prerrogativa exclusiva do profissional médico, portanto se não utiliza diagnóstico não constitui ato médico exclusivo, sendo assim, passível de ser executado pelo profissional enfermeiro.
Além do Brasil, o Protocolo de Manchester é hoje utilizado também como recomendação de política de governo em países como o Reino Unido, Portugal, Alemanha e Holanda pela sua validação científica. A recomendação do citado protocolo é de que pode ser feito tanto por enfermeiros, quanto por médicos, mas ressalta o controle médico do processo, porém determina um tempo seguro para a primeira avaliação do médico.
Reforçamos que a não utilização de um sistema de classificação de risco com validação bibliográfica é hoje uma prática não admitida em conceitos de qualidade na assistência à saúde, já que recentemente publicações têm demonstrado a redução de mortalidade nas urgências com o uso desta tecnologia.
Todas as unidades onde foi implantado o Protocolo de Manchester em Joinville, são unidades vinculadas ao Sistema Único de Saúde, e todas elas tiveram suas equipes de enfermagem capacitadas e em quantidade suficientes para prestar adequada assistência aos atendimentos de urgência e emergência.
Destacamos que após duas avaliações do Protocolo de Manchester, fica claro que se faz necessário mais do que nunca que as três esferas de governo (municipal, estadual e federal) precisam investir mais no fortalecimento da Atenção Primária de Saúde.