sábado, 15 de dezembro de 2012

Novos Prefeitos e as Filas Crônicas.

NOVOS PREFEITOS E AS FILAS CRÔNICAS (ENTREVISTA AO O VALE – DEZ. 20112)

GILSON CARVALHO
JORNALISTA BEATRIZ (BIA):
A proposta é tentar dimensionar o modelo e o custo do modelo para zerar a fila da saúde em São José. Fala-se muito nos mutirões, mas eles realmente resolvem? A prefeitura informou que realizou 25 mutirões de saúde nesse ano e as filas continuam. Gostaria que o senhor avaliasse esse cenário. Seguem algumas questões.
BIA: A Secretaria de Saúde de São José dos Campos tem uma fila de espera por
consultas eletivas (agendadas com especialistas) com quase o dobro da capacidade mensal de atendimento da rede. São 37 mil pedidos na espera para uma oferta mensal de até 20 mil consultas. Como é possível zerar essa fila e qual o tempo necessário? E qual o valor estimadopara atender essa demanda?
GC:. Temos, em primeiro lugar, que entender melhor esta questão da fila, caso contrário esta fila pode ir sendo atendida e ao mesmo tempo, de outro lado já tem outra se formando. Tem-se que buscar solução na raiz do problema.
A fila em todos os lugares e áreas é resultado de duas variáveis: oferta e demanda. A inexorável lei de mercado aqui também se aplica. Fila de banco, fila de cinema, fila do futebol, fila do metrô, fila do benheiro feminino, fila da pipoca etc… A demanda de ações e serviços de saúde está na dependência de necessidades reais como o aumento da expectativa de vida, a mudança da ocorrência de doenças e agravos à saúde e as demandas causadas por insuficiência ou ineficiência. Disturbios da qualidade e da quantidade. Assim existem na demanda de ações e serviços de saúde questões controláveis e sob nossa governabilidade. Tenho absoluta certeza de que este número de pessoas que demandam os serviços especializados de saúde podem e devem ser atendidas urgentemente (aquelas que ainda restam na fila!). Mas, também, tenho certeza de que este número pode ser significativamente menor se melhorarmos os primeiros cuidados com atendimento nas unidades básicas de saúde, no programa de saúde da família, no pronto atendimento. A melhora tem que ser na oferta de mais serviços e na qualidade dos serviços ofertados. Estaremos assim agindo nas duas varáveis: demanda de melhor qualidade (pelo atendimento melhor e mais rápido) e melhor oferta emquantidade e qualidade de serviços.
Quanto ao número específico de demanda correspondente a dois meses de oferta de serviços tem-se que tomar cuidado pois podemos simplesmente estar trocando seis por meia dúzia. Atendendo o passado (necessário e justo) e deixando a demanda recente para atender no futuro.
BIA:Os maiores atrasos são para especialidades como reumatologia, ortopedia, oftalmologia e dermatologia, cuja demanda reprimida chega a 15 mil consultas. Quais os principais entraves na contratação desses procedimentos. Eles possuem custos mais altos?
GC:. São especialidades que estão com falta de profissional no publico e no privado. Claro que, quando não existem profissionais, passa a haver uma pressão para melhora salarial (oferta e demanda!!!). Nada se falou sobre pediatras e clinicos gerais. São duas áreas, principalmente a pediatria em que temos falta evidente de profissionais com tendência a se agravar como a falta de pediatras.
BIA:O prefeito eleito Carlinhos Almeida pretende ampliar convênios com Antonio daRocha Marmo, Pio 12 e reeditar contrato com a Santa Casa. Essas entidades possuem profissionais com essas especialidades. Como o senhor avalia essa proposta do novo governo?
GC:. No momento é a saída mais correta e de efeito mais rápido. A prefeitrura não conseguiria estes profissionais como empregados da prefeitura. Deveria ser feito previamente concurso publico que demanda tempo. No meu entender tem-se que chegar ao limite de atender urgentemente estas pessoas e o caminho é contratar serviços de terceiros, situação absolutamente legal no SUS. Além destes que são os parceiros prioritários, os filantrópicos, tem-se também que buscar ajuda complementar até no privado lucrativo. Comprar serviços desaúde privados para completer a oferta do publico é uma possibilidade constitucional.
BIA:Carlinhos também pretende buscar recursos no Ministério da Saúde para a
realização de mutirões já a partir de janeiro. Procurado, o Ministério informou que háverbas para mutirões, mas na lista de cidades contempladas São José não estápresente. Como é possível buscar recursos para esses mutirões no governo federal?
GC:. O Carlinhos ainda não é prefeito e portanto nenhum documento oficial seu, como representande de São José dos Campos poderia estar formalmente no Ministério da Saúde. Senão por questão legal, pela ética também. Se lá existisse algum seria originário da atual administração. Pela informação damídia de que nada foi encontrado lá, é porque nada foi enviado pela atual administração. Foram apenas contatos e conversas e a leitura das portarias do Ministério da Saúde, referents ao tema O Ministério da saúde criou esta possibilidade de acertar a demanda reprimida de uma série de procedimentos e abriu para isto transferências novas de recursos. Além disto liberou o uso de recursos federais hoje já transferidos aos municípios para serem utilizadosnesta complementa
Cão. Esta possibilidade estava vedada por Ministros anteriores do Governo FHC. Além destas duas hipóteses o município pode usar recursos próprios que nunca sobram, mas que podem ser redirecionados como repriorização.
BIA: Na sua avaliação qual o modelo ideal a ser aplicado na gestão da saúde pública de São José para zerar a fila?
GC:. Tenho repetido isto para São José dos Campos e para todos os prefeitos e secretários de saúde do Brasil. O grande investimento tem que ser em primeiros cuidados com saúde. Atender as pessoas antes que adoeçam, no começo de suas doenças ou quando já adoecidas. Nos casos agudos ou nas condições crônicas grande motivo de uso dos serviços de saúde.
Por fim é importante lembrar que os mutirões irão demandar outras ações e serviços como exames, terapias, internações clínicas e cirúrgicas. Tem que haver compromisso da administração de que vá dar conta disto e de que os parceiros aceitem e em que condições, atender aos casos necessidatos de cuidados hospitalares.

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