sábado, 3 de janeiro de 2009

Gratuidade no SUS. O co-pagamento pelos usuários.

Preciso antes de tudo lembrar ao Dr. Moacir de Freitas Toledo que escreveu artigo neste jornal no dia 02 de janeiro sobre “O que precisa melhorar no SUS”, onde o mesmo sugere o pagamento das despesas médicas quando o doente for “culpado” por sua patologia, que existe uma legislação federal (Constituição Federal/88) que estabelece a GRATUIDADE NO SUS, desde a promoção até a reabilitação do paciente. A saúde desde 05 de outubro de 1988 é um DIREITO de todos, e não pode ser tratada como MERCADORIA, que compra quem pode. O uso abusivo, por exemplo do álcool, não se restringe a apenas a decisão pessoal, se fosse só isso seria fácil deixar de consumi-lo, era opcional ( visão simplista ). Hoje já ficou provado que o alcoolismo é uma doença.
Não é fácil caracterizar o consumo frívolo ou excessivo dos serviços de saúde: dor de cabeça, mal-estar, tosse, para citar somente três sinais bastante freqüentes na vida das pessoas, podem ser, como de fato o são na maioria das vezes, problemas banais, autocuráveis ou sanados por terapêutica caseira. Contudo, podem também ser manifestações iniciais de quadros mais graves, como a ameaça de um acidente vascular cerebral, hipertensão ou um câncer de laringe. A rigor, só o médico pode fazer a distinção. Em países como o Brasil, onde geralmente os serviços públicos de saúde são de baixa qualidade, seria ineficaz a cobrança de taxas com a finalidade de reduzir o consumo ou culpabilizar o paciente pela sua doença.
Lembro que não existe problema de ‘sobreconsumo’ de serviços por parte das classes de baixa renda e sim de dificuldades de acesso, isto é, escassez de oferta. Em segunda instância, porque os segmentos de média e alta renda, que poderiam ser alvos de tais taxas, pouco utilizam os serviços públicos, e quando o fazem, sua utilização se concentra nos serviços de alta tecnologia oferecidos pelo SUS. Tais segmentos utilizam, no cotidiano, os mecanismos de seguro-saúde ou o desembolso direto como forma de acesso à assistência médica. Ao contrário de ser moderada, a demanda, em certos casos, deve ser estimulada para possibilitar o diagnóstico precoce. Grande número de doenças graves tem prognóstico tão mais favorável quanto mais cedo for diagnosticadas e iniciadas o seu tratamento. Cobranças de taxas aplicadas indiscriminadamente podem criar obstáculos à intervenção médica em tempo oportuno, e isso permite que a doença evolua para estágios mais avançados, nos quais a terapêutica costuma ser menos eficaz e quase sempre de custo bem mais elevado. Hipocondria e outras manifestações neuróticas são problemas de saúde. O fato de terem menor prioridade do que outras não as descaracteriza como tal. O paciente que, por ansiedade ou desconfiança com o primeiro diagnóstico, busca a opinião de mais de um profissional, provavelmente continuará a fazê-lo mesmo que tenha de pagar parte do custo.
Por outro lado a observação do cotidiano dos serviços de saúde revela que o uso desnecessário de serviços ambulatoriais é provocado, não raramente, pela baixa resolutividade da rede básica, o que compele as pessoas a penosas peregrinações entre diferentes locais e profissionais na busca de solução para seu problema de saúde.
A solução dos problemas do SUS não passa pela responsabilização do doente, mas pela seriedade em administrar o sistema e o dinheiro público, inclusive tendo no seu quadro profissionais competentes e resolutivos.
Para encerrar gostaria apenas de concordar com as qualidades citadas do novo secretário de saúde de Joinville.

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