domingo, 29 de novembro de 2009

A cidade mais saudável


Gilson Carvalho

Estou ressuscitando este texto em homenagem ao meu amigo Álvaro, médico de família, que adotou e foi adotado por Tarumã, já há vários anos, com um imenso desafio e compromisso de ajudar pessoas a serem melhores e mais felizes.
Eu acabara de fazer minha palestra na plenária do Congresso de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, em julho de 1996, em Ribeirão Preto-SP, dirigido pelo meu amigo pediatra Luiz Carlos Raya. Pegou do microfone a então Secretária Municipal de Saúde de Tarumã que disse, arrebatada pela empolgação:“a minha pequena cidade Tarumã, recém emancipada, será no ano 2005 a cidade mais saudável entre as de seu porte”.
Gostei da audácia, que pareceu constranger os presentes. Está aí uma proposta para cada um de nós. Ter firmeza. Coragem de assumir um desafio. Não gostamos de nos arriscar em afirmativas ousadas. É tão raro deixarmos aflorar nosso entusiasmo colegial. A garra juvenil. Esquecer-se, felizmente, do viés técnico que embota muitas vezes a espontaneidade da empolgação.
Precisamos falar por nós e contagiar os que nos cercam. Aprender sempre. Mas sempre ensinar o entusiasmo de termos sonhos transformado em metas. Sabermos onde queremos chegar. Quais os macro objetivos que perseguimos.
Inúmeras cidades deste Brasil: velhas, novas e apenas adolescentes aguardam pela adoção de indivíduos entusiasmados, comprometidos. Homens, mulheres e crianças, anônimos povos urbanos, rurais ou da floresta, estão esperando por técnicos que ajudem a pensar e trabalhar o seu futuro. Tirar de um futuro provável, de perspectivas sombrias, para um futuro preferível de melhor qualidade de vida.
A decisão acertada, precisamos tomar. Nosso fazer na saúde não pode mais ser apenas a luta pela ausência de doença. Temos que alçar vôo mais alto. Ter como meta a qualidade de vida. O futuro melhor. A felicidade.
Que todos nós possamos beber mais uma lição: decidir pelo maior. Optar pelo mais grandioso. Mesmo em meio a tudo que nos falta e que dificulta o trabalho de cada dia, temos o que fazer. Ainda devemos pensar grande. Alto. Longe.
Quisera tivessem muitos anônimos cheios do sopro da vida e do entusiasmo a adotar cada uma de nossas pequenas, médias e grande cidades. Existem milhares de homens, mulheres e crianças que anseiam por quem caminhe junto com entusiasmo.
Dizer ao mundo que para chegar lá só precisa começar a andar apostando no maior. Com destemor. Com alegria e entusiasmo. Sempre em busca da conquista da saúde. Qualidade de vida. Felicidade.
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Amém é a única contribuição que posso acrescentar a este texto, agora em 2009, treze anos após tê-lo escrito.

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