A frase acima, de Oscar Wilde, intelectual irlandês do século XIX, tem uma longa descendência na história do pensamento político
O conflito faz parte da própria essência da política. Não há política sem conflito. As eleições mesmo são uma forma civilizada de conflito, que contém uma solução institucional para ele: o voto. Vários candidatos disputando uma mesma vaga estão em conflito entre si. O próprio eleitor retira informações valiosas para a sua decisão final em quem votar a partir do conflito e do desempenho dos candidatos nos momentos de confronto.
O conflito se estabelece entre partidos, personalidades, diagnósticos dos problemas, propostas para resolvê-los e argumentos, envolvendo assim toda a disputa eleitoral.
A frase de Oscar Wilde, intelectual e teatrólogo irlandês do século XIX, famoso pela sua paixão por "tiradas" paradoxais, tem uma longa descendência na história do pensamento político. Maquiavel e muitos outros pensadores, que pertencem à chamada "corrente realista" de análise da política, a usaram de forma assemelhada. A "corrente realista" de análise da política caracteriza-se pela total rejeição da visão da política como um campo onde os ideais altruístas se realizam, em troca de uma visão "cínica", que encara a política como o campo onde a retórica do idealismo esconde a luta por interesses egoístas individuais ou grupais.
A política não é uma atividade nem de anjos e nem de demônios e sim de seres humanos normais que para ela trazem suas virtudes e seus defeitos. A corrente idealista encara o ser humano como um indivíduo naturalmente voltado para o bem e aposta nesta sua propensão altruísta para analisar a política.
A corrente realista, ao contrário, vê o ser humano como um indivíduo naturalmente egoísta e interesseiro e olha a política a partir deste pressuposto.
Excluídos os exageros dos extremos, sem cair na tentação de adotar o confortável ponto intermediário, não resta dúvidas que a política real está mais para a escola realista do que para a idealista. O cotidiano da política é o confronto de interesses, a disputa pelo poder, a luta por vantagens, a predominância dos interesses individuais e grupais sobre os interesses coletivos.
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