terça-feira, 30 de outubro de 2012

A adequação da saúde à ótica mercantil.


A adequação da saúde à ótica mercantil
Em artigo nomeado "Interesse público e comércio", a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Lígia Bahia fala sobre a comercialização de direitos assistenciais retomando discussões polêmicas acerca do direito à liberdade de escolha e normas públicas que visam à proteção da saúde: "a insistência de alguns libertários de ocasião de designar à saúde pública o papel de antagonista dos direitos individuais só embola a discussão". Confira.
Fonte: O Globo - 29/10/12

Autor: Ligia Bahia
 

A vacinação obrigatória e a doação de sangue pública são quase consensuais como ideias e estão inseridas nas práticas de todas as instituições nacionais e internacionais de saúde. Contudo, os processos de publicização dessas e de outras ações de saúde foram muito polêmicos. No Brasil, a imposição da vacina contra a varíola, no contexto de saneamento e remodelação urbana do Rio de Janeiro (então uma cidade pestilenta), se transformou num campo de batalhas.
Em 1904, o episódio conhecido como Revolta da Vacina expressou o crescente descontentamento popular contra a perda de suas casas pelo “bota-abaixo” do então prefeito Pereira Passos, o temor da inoculação de um vírus que conduziria “à moléstia ou à morte”, a oposição política a Rodrigues Alves e ainda a intelectuais como Ruy Barbosa, defensor da liberdade de escolha dos indivíduos sobre seu próprio corpo.

A melhor maneira de obter sangue humano para finalidades médicas também gerou intensos debates nos anos 1970. O inglês Titmuss, professor de política social, afirmou a superioridade da doação voluntária para garantir estoques adequados e qualidade do sangue para transfusões. Em sentido oposto, o americano Arrow, laureado com o Prêmio Nobel de Economia, buscou comprovar que uma hipótese, baseada no desencorajamento do altruísmo por incentivos monetários não teria robustez teórica para se opor à tese segundo a qual o mercado aumenta o espectro individual de escolha e propicia maiores benefícios.
A distância histórica que nos separa desses embates pode induzir a uma conclusão apressada sobre vencidos e vencedores. Especialmente, depois da Aids, os clamores sobre a compatibilidade entre a doação e venda de sangue se tornaram inaudíveis. Mas as escaramuças movidas por inspirações filosóficas sobre o direito à liberdade de escolha e normas públicas visando à proteção da saúde não cessaram.

As recentes ponderações sobre a indevida intervenção governamental no controle de medicamentos e uso do álcool por motoristas, embora muitas vezes motivadas apenas pela defesa das empresas produtoras, retomam o apelo à inviolabilidade do direito à liberdade individual. Contudo, a resolução do entrechoque entre direitos da vender e comprar produtos, bens e serviços que causem danos à saúde, baseia-se em contraevidências, tais como as da redução de acidentes e reações adversas. As decisões sobre a proteção da população de riscos não variam com os graus de transigência sobre a liberdade.


Consequentemente, a insistência de alguns libertários de ocasião de designar à saúde pública o papel de antagonista dos direitos individuais só embola a discussão. Aderir à liberação do uso de agrotóxicos pela manhã e internação compulsória de usuários do crack à tarde é incompatível com a defesa incondicional da liberdade.

O convencimento sobre a adequação da saúde à ótica puramente mercantil e a respeito do isolamento involuntário de grupos sociais para preservar a ordem não deriva necessariamente de conjecturas filosóficas nem presunções políticas completamente explícitas. A lógica de definição dos atributos públicos ou comerciais da saúde não está totalmente atrelada aos desígnios do livre arbítrio. O Obamacare só se viabilizou após a depuração dos interesses das empresas que comercializam planos de saúde e dos argumentos sobre a caduquice dos sistemas públicos.

Admitir a melhor qualidade e menores preços de sistemas públicos de saúde não significa concordar com a suspensão autoritária dos direitos humanos. Nenhuma dissertação científica terá soluções para os questionamentos sobre que tipo de sociedade queremos. Não é preciso comprovar a solidez das bases de solidariedade e o altruísmo para informar decisões sobre a natureza não mercantil de determinadas ações de saúde.

Sangue e órgãos não devem ser vendidos.

O disse-me-disse do momento referese à comercialização de direitos assistenciais.
A autovenda da Amil, líder brasileira do setor de planos privados, para a americana UnitedHealth é um sinal inequívoco das mudanças mundiais nos sistemas de saúde.
A crise econômica e os rigores da regulamentação de coberturas e preços nos Estados Unidos estimulam a abertura de vias colaterais para manter níveis de ganhos com planos privados de saúde em países de renda média.

Paralelamente, os cortes no financiamento do sistema de saúde português atraíram investimentos da Amil decorrentes das recomendações do FMI e União Europeia de repassar a gestão de hospitais da Caixa Geral de Depósitos à iniciativa privada. Nesses casos, nem todas as mercadorias possuem dimensões concretas.

As transações envolvem o número de “vidas” seguradas, a perspectiva de crescimento do consumo de planos de saúde no Brasil, a certeza sobre o fracasso do SUS e o prolongamento da recessão na Europa. O preço médio de cada vida vendida pela Amil foi aproximadamente R$ 1.200.

O fracasso de Pável Tchítchicov, personagem do livro “Almas mortas”, de Gogol, ao procurar fazer fortuna com a compra de listas de servos falecidos em regime de escravidão, é ficção.
Mas tanto as fortunas obtidas pela elevação e posterior queda do valor das vidas comercializadas pela Amil, em função da provável redução dos preços de suas ações, quanto à depreciação da do SUS são fatos.

Ligia Bahia é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
http://www.tudofarma.com.br/noticias/NoticiasInterna.asp?Textos_ID=30202

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A VITÓRIA DE UDO DOHLER pode estar próxima !!

 

POR GUILHERME GASSENFERTH
 
 
Udo conta voto a voto :P
A estreia de Udo Döhler nas urnas, com mais de 85 mil votos, calou muita gente. Para quem amargava o quarto lugar durante boa parte do processo, a votação de Udo foi surpreendente e demonstrou a força que possuem na cidade o PMDB, LHS e o próprio empresário.
Embora Colombo tenha vencido ainda no primeiro turno, foi da mesma forma nas eleições de 2010. Largou lá de trás e veio crescendo, até suplantar as duas candidatas favoritas ao título. Por que a comparação com o governador? Porque a capacidade de crescimento e de virar o jogo são aspectos que caminham juntos dos vencedores.
No primeiro turno, a campanha peemedebista foi Udinho Paz e Amor, numa louvável postura de evitar ataques e de apresentar propostas - o que deve ter sido um dos fatores do seu sucesso. Mas no início do segundo turno, Döhler estava muito atrás nas pesquisas. A maior parte delas apontava cerca de 65% para Kennedy e 35% para Udo, numa diferença gritante e que parecia carimbar o passaporte pessedista para o gabinete ocupado hoje pelo Carlito Merss. Ao perceber a disparidade, Udo partiu para o ataque, promovendo quase que táticas de blitzkrieg contra o seu oponente, que em muitas vezes ficou atordoado com a inesperada artilharia.
Udo 'kennedyzou' no segundo turno. Usou os mesmos expedientes que seu adversário, lançando mão de vídeos acusativos (pelo menos sem denúncias anônimas), ataques diretos e bombardeando as redes sociais. Quem não curtiu, compartilhou ou pelo menos viu alguma das ilustrações da cômica série "Dá Pra Fazer"? É uma alusão às sandices que Kennedy promete mesmo sem qualquer nível de realidade maior que a do "mundo de Bobby". Teve também o vídeo que mostra Kennedy afirmando: "isto é compromisso, nós vamos baixar o valor da água em Joinville". Alguns meses depois, o mesmo Kennedy diz: "eu nunca disse que iria baixar o valor da água em Joinville". Pegou mal e certamente tirou votos do Kennedy e deu pra Udo.
Além disso, a postura de Udo passou a se aproximar da demagogia que parece encantar o povo. Abrir mão do salário é uma dessas iniciativas. Embora o cardápio sirva política a la Kennedy, parece que é neste restaurante que os eleitores gostam de comer. E talvez Udo tenha acertado nas estratégias. Doar seu salário de prefeito significará um milhão de reais no bolso de entidades beneficentes da cidade. O povo, que acha que os políticos emprestam suas carinhas para as fotos da urna eletrônica só em troca de altos salários e poder, vê com bons olhos um candidato que abra mão de um salário polpudo como este. Mais um pontinho na caderneta do 15.
Há de se considerar o inesperado - pelo menos por mim - apoio dos sindicatos de trabalhadores à campanha de Udo. Invalidou o discurso de que Udo é o candidato dos patrões, uma vez que quase 30 sindicatos aderiram à sua candidatura, inclusive o sindicato dos trabalhadores em indústrias têxteis. Este apoio é o mais simbólico de todos, porque demonstra que a relação de Udo (presidente do sindicato patronal) com o sindicato laboral é, no mínimo, respeitosa. "São pelegos", alguns dirão. Pode ser, acredito que há sindicatos pelegos. Mas 29 pelegos? Aí dificulta um pouco. A propósito, o vice do Kennedy é de uma das quatro associações empresariais mais importantes da cidade, a ACOMAC. Ele não é patrão?
Outra fonte de votos importante para Döhler é a coligação-ornitorrinco formada na cidade, por Kennedy, Carlito e Tebaldi. Assim como Tebaldi saiu de mais de 40% dos votos para 15%, a população não ficaria impassível diante dos programas de TV que mostram que votar Kennedy representa fazer voltar Tebaldi e continuar Carlito, os dois candidatos mais rejeitados. Tem gente de que tanto nojo desta súcia junção resolveu abandonar a orientação partidária e votar Udo.
Não se deve deixar de considerar as pessoas que estavam inclinadas a anular o voto mas, diante das circunstâncias e do medo da vitória do Kennedy, sufragarão Udo para evitar o mal maior. Não é em quem gostariam de votar, mas entendem que um dos dois vencerá as eleições de qualquer forma e pretendem passar a atuar para que o PSD não vença. Disse Max Weber: "neutro é quem já se decidiu pelo mais forte".
Todos estes fatores somados mostram que o número de eleitores de Döhler está crescendo muito. Informações extraoficiais recebidas na noite passada demonstram que Udo e Kennedy entraram num empate técnico, o que corrobora esta tese. Mas se antes Kennedy e Udo tinham uma diferença gritante e agora colaram, é porque há forte viés de queda de Kennedy e ascensão de Udo. Desta forma, diferentemente do que vinham pensando algumas pessoas, Udo não só está no páreo como é possível que neste momento já tenha ultrapassado Kennedy e esteja a dois dias de sagrar-se prefeito da maior cidade de Santa Catarina!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pesquisa DELFOS mostra queda de Clarikennedy !!

Pesquisa Eleitoral da DELFOS:

 Clarikennedy Nunes - 48
UDO DOHLER - 43.

Isso na estimulada. Um tombo gigante do DEMAGOGO. Tá na margem de erro. É a virada minha gente. Voto a voto até domingo às 17 horas. Vamos a luta mostrar a força do 15 UDO DOHLER na cabeça !!!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Aula inaugural do Curso Cuidar de quem cuida!!!

Parabéns aos organizadores do evento..em especial a Rosemery e Fransuizi (  Gerência Regional de Saúde de Joinville e Jaraguá do Sul ). Estavam presentes aproximadamente 400 alunos dos 13 municípios de nossa região. Valeu!!!
 
















 
 
Valeu mais uma vez!!! Essa equipe faz SUScesso sempre!!!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ampliando a participação social na regulação da Saúde Suplementar.

O Blog Monitor de Saúde tem por objetivo levar ao leitor um debate amplo e democrático sobre ideias de como melhorar o setor saúde no Brasil. Pouco a pouco a sociedade civil brasileira vai se apoderando de instrumentos que permitem reduzir a enorme assimetria de informação que existe entre os cidadãos e aqueles que detém o controle da oferta pública ou privada de serviços de saúde. Uma das tarefas essenciais daqueles que podem ajudar a reduzir essa assimetria de informação é utilizar o espaço da internet para difundir informações que permitam empoderar os cidadãos para tomar decisões conscientes e informadas sobre suas escolhas, comportamentos e atitudes na área de saúde.
Muitas destas tarefas tem sido encampadas por jovens internautas que, com formação jornalística, começam a tentar esboçar suas críticas e idéias de como construir uma sociedade melhor na área de saúde. Nesta edição, trazemos a opinião e Guilherme da Luz, leitor deste blog, que também é editor do site “Planos de Saúde” (www.planosdesaude.net) e que dá sua opinião sobre a crise dos planos privados de saúde e sua relação com o salário dos médicos. O site ainda se encontra em seu inicio, mas promete crescer e avançar gerando transparência e opinião independente sobre este relevante tema para a sociedade brasileira.

Guilherme da Luz é redator e tradutor, nascido em Florianópolis, e formado em Comunicação Social pela Universidade do Sul de Santa Catarina. É editor de conteúdo do site Planodesaude.net e também do guia de finanças Emprestimo.org e do site Seguro.auto. Com vocês a opinião de Guilherme da Luz. O site planodesaude.net procura dar a quem o procura uma comparação de preços e de qualidade de planos de saúde independente daquela divulgada ou pela ANS ou por outros sites associados a um ou outro plano. Neste sentido, é uma boa fonte de consulta para leitores e consumidores que desejem estar informados sobre esse tema.


Crise na saúde no Brasil vai além do setor público

Guilherme da Luz

A crise no setor de atendimento prestado pelos planos de saúde leva à discussão sobre a melhoria do atendimento à saúde no Brasil como um todo. Como consequência dos protestos de grande número de consumidores insatisfeitos com as filas, demora na marcação de consultas e realização de exames e cirurgias, a ANS –Agência Nacional de Saúde Suplementar - tomou a decisão de suspender novas contratações de usuários para 301 Planos de Saúde administrados por 38 operadoras, incluindo instituições de grande porte.

Ao mesmo tempo em que o consumidor tem direito de exigir qualidade, principalmente quando paga preços elevados, os médicos também exigem ser remunerados à altura de sua qualificação. Médicos de diversas especialidades pensam em fazer protestos contra a política de remuneração dos planos de saúde, devido aos valores que consideram abusivos e humilhantes.

Onúmero de médicos cadastrados atualmente pelos planos de saúde parece ser insuficiente para atender a demanda. Mesmo assim, alguns médicos tem deixado de trabalhar para convênios em virtude dos valores pagos pelas operadoras. Como o número e a demanda dos usuários está crescendo, o que estamos assistindo é um gargalo no atendimento médico que já limita a atividade das operadores podendo levar a uma situação dramática se o número de profissionais contratados não se expandir proporcionalmente à demanda.

A equação qualidade x quantidade é antiga e faz parte de todos os processos de melhoria nos mercados de saúde. Resta saber como será resolvida a questão, pois o sistema público de saúde raramente oferece opções para quem busca atendimento personalizado e sem filas. Os salários oferecidos aos médicos, tanto no sistema público como nos planos privados, ficam abaixo das expectativas. Para um grande número anual de recém-formados em medicina, este é um desafio na hora em que buscam uma colocação no mercado de trabalho.

Quando ouvimos falar sobre a insatisfação dos profissionais de medicina com os seus honorários nos perguntamos por que o médico ganha mal nos planos de saúde. Segundo publicação recente da Associação Paulista de Medicina, vemos atualmente uma inversão da tendência observada ao longo da história. Como resultado de um longo processo de prática da medicina como profissão liberal, os médicos costumavam ganhar muito bem em seus consultórios. Entretanto, nas últimas décadas, o crescimento dos empregos públicos e dos planos de saúde criaram uma nova dinâmica marcada predominantemente pelo assalariamento, onde a despeito dos empregos públicos que detém, os médicos são contratados pelas operadoras de planos de saúde com honorários normatizados por uma tabelas que tem sido crescentemente questionadas pela classe.
As cooperativas médicas, criadas pioneiramente em Santos nos anos sessenta e depois consolidadas na Unimed, em 1967, são uma opção diferente da praticada pelos planos, dado que ainda mantém um maior espaço para a prática liberal dos médicos em seus consultorios que podem conciliar clientes particulares com o atendimento dos pacientes de convênios, que antigamente não configuravam o grosso dos rendimentos, representando uma ajuda às contas do consultório.

Mas muitos alegam que, mesmo no caso das UNIMEDs, a expansão dos convênios tem provocado uma maior contratação de médicos, reduzindo sua remuneração por ato e transferindo maiores excedentes para a administração das cooperativas, ainda que parte dos recursos excedentes não consumidos como custos seja redistribuido aos cooperados nas assembléias das UNIMEDs ao fim de cada exercício fiscal. Mas a verdade é que, o aumento da concorrência tem levado a aumentos de custos (inclusive com publicidade), redução relativa dos preços dos planos – em parte controlados pela ANS – e consequentemente remunerações aos médicos que ficam aquém das expectativas.

Para ajudar a normatizar esse mercado de mão de obra médica especializada no âmbito dos planos de saúde, a Associação Médica Brasileira (AMB) criou e vem atualizando desde 1990 as tabelas de remuneração para serviços médicos (a famosa tabela da AMB). As discussões em torno dos reajustes destas tabelas tem sido sempre acaloradas e seguem polêmicas até hoje.

Num contexto onde os preços dos planos são controlados, os pacientes assistem, portanto, a um conflito entre gestores de operadoras e médicos. Muitas são as sugestões para esse impasse, entre elas a fixação de valores para os atendimentos, que deveriam ser negociados diretamente entre os usuários e os planos de saúde, o que transferiria o embate entre Governo e Operadoras para Usuários e Operadoras. De todos os modos, o pano de fundo para esta discussão se encontra nos limites do Governo e do Mercado para o reajuste dos planos e na necessidade de se estabelecer processos mais negociados de reajuste dos custos de produção (onde se encontra a remuneração dos médicos).

Os Estados Unidos - detentor do maior sistema de saúde baseado na gestão de planos por operadoras - adotam a posição de que os preços dos planos podem ser livremente reajustados pelas operadoras, mas devem ser justificados e inspecionados. Valores reajustados que vão além das tendências de crescimento dos custos e revelam lucros abusivos, são cortados pelos governos estaduais - os reguladores dos planos - e devem se refletir em reduções correspondentes nos preços em anos posteriores. No entanto, no caso do Brasil, o fato de não existir uma política transparente de acompanhamento dos custos do planos de saúde impede que o Governo (e a própria ANS) possa atuar como árbitro nessa discussão e dar mais liberdade e margem de negociação entre operadoras e usuários nos processos de reajuste. A existência de uma rigorosa pratica de fiscalização ex-post de reajustes abusivos é uma saudável política de regulação do mercado privado de planos. Em contra-partida, o controle ex-ante dos preços gera o risco de criar danos profundos e ameaçar, no limite, o funcionamento adequado do sistema de saúde suplementar, prejudicando tanto os usuários como os fornecedores (incluindo os médicos).

Os erros nos cálculos dos subsídios tarifários do candidato Kennedy.

Segue uma análise realizada por um técnico da Prefeitura que trabalha e estuda cálculo de planilha do transporte coletivo há duas décadas.
 
Entre as propostas de campanha do Kennedy está o subsidio a tarifa do transporte coletivo, custeando as gratuidades e descontos existentes, para reduzir o valor da tarifa paga pelos usuários. Nos cálculos equivocados dele, este subsídio que será pago pela Prefeitura às empresas, dariam R$0,35 por passageiro, o equivalente a R$10 milhões por ano, que seriam tirados das verbas de publicidade e de custeio do Gabinete do Prefeito.
 
Mas a verdade é diferente!
 
Senão vejamos, o sistema transportou em 2011 = 44.866.665 passageiros, destes 193.576 são professores que têm 50% de desconto e 59.651 estudantes com 20% de desconto, e mais 6.152.909 passageiros gratuitos (idosos 65 anos, os menores de 5 anos, os deficientes mentais, sensoriais, físicos, doentes renais, e oncológicos, os acompanhantes destas categorias, além de fiscais, policiais, oficiais de justiça e funcionários das empresas) o que daria com os R0,35 (trinta e cinco centavos) de subsídio anual de R$17.219.475,00 (dezessete milhões duzentos e dezenove mil quatrocentos e setenta e cinco reais).
 
Mas o candidato Kennedy afirmou durante a campanha que criaria um domingo por mês de R$1,00 (hum real). Mas aos domingos o sistema transporta cerca de 45 mil passageiros, o que representa o subsídio de mais R$945.00,00 (novecentos e quarenta e cinco mil reais) por ano (45.000 passageiros/domingo x R$1,75 de subsídios x 12 meses).
 
Também promete dar gratuidade para os idosos de 60 a 65 anos que em novembro de 2009 somavam 129.000 passageiros/mês, e que custariam mais R$ R$4.257.000,00 (quatro milhões duzentos e cinquenta e sete mil reais), (129.000 x R$2,75 de subsídio x 12 meses).
 
E ainda promete que irá dar desconto de 50% nas passagens dos estudantes, e que poderão representar mais de 125.000 (cento e vinte e cinco mil) passageiros por mês, equivalendo a R$2.062.500,00 (dois milhões sessenta e dois mil e quinhentos reais) por ano.
 
A soma de todos esses custeios representará R$24.483.975,00 (vinte e quatro milhões quatrocentos e oitenta e três mil novecentos e setenta e cinco reais) no orçamento da Prefeitura.
 
Na entrevista feita ao Jornal “Noticias do Dia” de 13/07/2012 o candidato Kennedy afirmava que a passagem do transporte coletivo custaria R$2,10, que subsidiaria as gratuidades em R$0,35 e retiraria o lucro das empresas, através de uma Parceria Público Privada – PPP, em que a Prefeitura passaria a ser sócias das empresas!

A ideia de que em uma Parceria Público Privada o concessionário deve pagar ao Poder Público é equivocada, pois é justamente o oposto o que ocorre. Na verdade sempre que um concessionário paga algo para o Poder Público há um reflexo na tarifa, pois esse valor é assumido como custo do sistema. Dizer que é possível que o concessionário pague para a Administração e que esta irá usar o dinheiro para subsidiar passagens é uma falácia e tecnicamente equivocado. Na verdade, para que isso ocorra, basta que não se pague nada para o Poder Público. Dessa maneira o reflexo na passagem é automático.
 
Resumo: mais uma proposta irresponsável que certamente não poderá ser cumprida.

domingo, 21 de outubro de 2012

A união PT X Kennedy X Fisiologismo

POR GUILHERME GASSENFERTH

Fisiologismo. Você sabe o que é, leitor joinvilense? É o nome chique para se falar de troca de favores, ações e projetos para benefício de interesses individuais (sempre em detrimento dos coletivos), nepotismo e oferta de cargos a apoiadores sem competência.


Nosso maravilhoso idioma deu-nos a possibilidade de juntar todas estas porcarias sob um só substantivo: fisiologismo. Não é à toa que nos remete a necessidades fisiológicas, que associamos ao que, coloquialmente, conhecemos por MERDA.


Perdoem-me os bem educados e os recatados, mas é de merda mesmo que vamos falar. O que é esta aliança que se formou nas eleições de Joinville? O papel de fisiologista que, nos últimos anos, coube ao PMDB, local e nacionalmente, agora mudou de mãos radicalmente. Kennedy Nunes, um lunático que viveu a sua vida às nossas custas e nunca trouxe benefícios aparentes de seu trabalho (doeu escrever isso!) como legislador em 24 anos, juntou-se a dois candidatos que outrora (semanas atrás) desprezava: Carlito Merss e Marco Tebaldi.


Bem, de Tebaldi o que poderíamos esperar? Não bastasse ter feito merda no governo municipal (que ironia para um engenheiro sanitarista!), ter cometido o maior crime ambiental da história de Joinville e ter destruído a educação pública estadual, Marco Tebaldi se achou no direito de sair candidato de novo. Bem, pelo menos agora a população deu o troco: 4º lugar nas urnas. Volta, Tebaldi, pra Erechim!


De Carlito Merss eu gosto. Não acho que tenha feito um ótimo governo, mas o julguei satisfatório e acredito que, num segundo mandato, corresponderia às expectativas dos quase 200 mil eleitores que votaram nele, em 2008. Mimimis à parte, não deu pra ele! Vítima de uma imprensa alimentada a jabá, da impopularidade de obras como saneamento básico e da incompetência de vários de seus liderados, Carlito amargou a derrota e não conseguiu o visto da população para continuar no gabinete da Hermann Lepper, 10.


Parece que a derrota não lhes caiu bem, fazendo mal não só pro fígado, mas, principalmente, pra cabeça. Em menos de 10 dias, após a eleição, estes dois candidatos, derrotados, declaram apoio a Kennedy. Juntos, formam a sigla KCT, cunhada brilhantemente pelo nosso coblogueiro Sandro. Essa sigla é perfeita.


A coligação oportunista pra KCT seria inadmissível num sistema político sério. Bem, como falamos em seriedade, já dá pra tirar Tebaldi e Kennedy. Não tínhamos como esperar coerência ou bom senso destes dois: coerência e bom senso versus Tebaldi e Kennedy são como água e óleo. Kennedy rasgou todo o seu discurso (tão frágil que deve ter lhe bastado um peteleco) e recebeu apoio de seus alvos favoritos. Como é lindo o divino poder do perdão!


Mas Carlito Merss e o PT apoiando Kennedy Nunes? Foi um golpe duro na artéria da moralidade. É tão incompreensível quanto a galinha associar-se à raposa. Quando assumiu, Carlito foi vítima dos verborrágicos e teatrais lamentos de Kennedy Nunes, o qual retirou o apoio que ajudou Carlito a ser eleito. Mudando de lado num passe de mágica - como é próprio dos pessedistas - digo, oportunistas. Kennedy manteve relação beligerante com nosso ainda atual prefeito. Por quatro anos, Carlito foi bombardeado nas páginas do jornaleco de risível credibilidade que dá suporte ao deputado-cantor e foi corroído pela ironia destilada, como veneno, por Kennedy.


A união de PT e Kennedy seria cômica, não fosse trágica. Não é apenas pelo esquecimento das diferenças de dias atrás, mas, principalmente, pela incompatibilidade de posicionamentos, crenças e ideologias (foi duro escrever esta palavra). Na história, PT é esquerda e PSD é direita. O PT combatia o PSD. O PT tratava o PSD como o diabo! O PSD torturava e o PT buscava anistia. Como pode o PT do Lula, que ali, na praça Dario Salles, mandou extirpar os Bornhausen de nossa política, estar quatro anos depois, associado ao partido deles?


PT e PSDB, ambos nascidos do MDB, lutaram juntos pela redemocratização, pelos direitos humanos, pela anistia, pelas diretas, pela liberdade. Hoje, PT e PSDB juntaram-se à ex-ARENA não para defender ideais, mas cargos; não por um projeto político, mas por um projeto de poder; não pelo povo, mas contra o povo. É a tetodependência, como disse o Baço.


O asco que sinto neste momento é tanto que eu rasgo o que escrevi na última sexta-feira e tomo partido publicamente: anti-KCT. Eu não posso apoiar esta composição esquisita que estão fazendo debaixo dos nossos narizes, diante dos nossos olhos. Dar meu voto a eles é legitimar o ilegítimo e dizer sim ao fisiologismo. Pelo menos, juntaram-se as moscas sobre a merda. Fica claro de que lado é preciso ficar. À política nojenta, eu digo um claro e sonoro NÃO! Fica declarado, em alto nível e bom tom, meu voto em Udo Döhler.

sábado, 20 de outubro de 2012

Diocese de Joinville divulga nota negando apoio ao candidato Kennedy Nunes.

Imagens do Bispo Dom Irineu teriam sido usadas em programa eleitoral sem autorização

A Diocese de Joinville emitiu uma nota oficial de repúdio, na manhã deste sábado, para esclarecer que não apoia a candidatura de Kennedy Nunes (PSD) em Joinville.

— Em nome da Igreja católica viemos a público esclarecer que o Bispo Dom Irineu Roque Scherer recebeu em audiência neste 2º turno os dois candidatos à Prefeitura de Joinville, sem manifestar oficialmente apoio da Igreja católica a nenhum dos dois —, diz o documento.

Segundo o assessor diocesado Ivanor Macieski, que redigiu a nota, a Igreja trabalha na conscientização política das pessoas de forma apartidária e sem indicações de nomes, respeitando a liberdade de cada fiel para votar.

— Lamentamos a falta de ética do candidato Kennedy ao usar as imagens do encontro sem autorização como manifesto de apoio a sua candidatura —, disse Macieski, referindo-se a imagens de um encontro entre o Bispo e o candidato, exibidas no programa eleitoral de Kennedy, o que sugeriria um apoio à candidatura.

A NOTÍCIA



Uso de imagem do Bispo Dom Irineu Scherer motivou nota de repúdio da igreja católica - Fabrizio Motta / Agencia RBS
Uso de imagem do Bispo Dom Irineu Scherer motivou nota de repúdio da igreja católica
Foto:Fabrizio Motta / Agencia RBS

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

SERVIDOR - PROTAGONISTA DA GESTÃO - UDO DOHLER 15



PSOL LANÇA NOTA CONTRA A CAMPANHA DE KENNEDY

 
Clima vai radicalizando na campanha de segundo turno em Joinville. O tom nas propagandas eleitorais começa a mudar, embora não se possa dizer que o nível de baixaria mostrados no final do primeiro turno esteja de volta… Ainda não. Também se nota que cada vez mais e mais políticos vão se posicionando a favor de Kennedy Nunes ou Udo Dohler. Já quem assumidamente se colocou como “neutro” e pregou o voto nulo, caso de Camasão e o PSOL, ontem, lançaram nota pública para criticar a forma como a campanha de Kennedy Nunes vem agindo em sua propaganda.
A nota oficial do PSOL é a seguinte:
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vem, por meio desta, esclarecer à sociedade joinvilense sobre a utilização de logomarcas do nosso partido, assim como a menções explícitas no horário eleitoral, na campanha de Kennedy Nunes (PSD) à Prefeitura de Joinville.
Por meio das redes sociais, chegaram-nos registros fotográficos de que a campanha de Kennedy Nunes produziu pelo menos 200 adesivos perfurados, que estão sendo utilizados em veículos, com os dizeres “Votei 50. Agora voto 55″. Além de se apropriar sem autorização de uma logotipo do PSOL com o número 50, utilizada na campanha municipal de Florianópolis, a campanha do candidato tenta, indevida e irresponsávelmente, associar a sua imagem à do PSOL.
Portanto, o PSOL esclarece à sociedade
1. Conforme declaramos em 11 de outubro, o PSOL indica o voto nulo neste segundo turno aos seus filiados, por entender que nenhum dos dois candidatos representa um projeto que vá de acordo com o interesse da maiora da população joinvilense.
2. Não autorizamos e repudiamos a utilização de logotipos do PSOL na campanha de Kennedy Nunes. Para nós do PSOL, este tipo de prática revela uma ação de tremendo mau caratismo por parte da campanha do PSD.
3. Procuraremos a via judicial, se necessário, para que todo o material de propaganda que vincule o PSOL ao PSD seja recolhido das ruas e tenha sua utilização vetada pela Justiça Eleitoral.
Joinville, 18 de outubro de 2012
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Joinville

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A decisão do PT no segundo turno!!

 
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O PT decidiu sobre a posição para o segundo turno. E como perfeita mulher de malandro, que gosta de apanhar (passe o machismo da expressão), optou por apoiar Kennedy Nunes. Ah... os petistas tiveram uma súbita amnésia, mas dou uma força: Kennedy Nunes é aquele cara que passou quatro anos a detonar Carlito Merss.
Mas nem há surpresa na decisão, porque o resultado já era esperado. O PT de Joinville não se decidiu por um apoio. Decidiu, isso sim, por uma rendição incondicional à tetodependência. Teto o quê? Sim... tetodependência. É a dependência que as pessoas têm dos cargos públicos. Ou vai dizer que o apoio a Kennedy Nunes tem a ver com ideias e projetos?
Leio a seguinte declaração de Eduardo Dalbosco no AN. Aliás, leio e fico arrepiado. “O governo do PMDB não teria espaço para nós. Num governo Kennedy, teríamos o espaço em aberto, em disputa. É um compromisso para que a gente não jogue fora o trabalho que fizemos nos últimos quatro anos”.
Ei, Eduardo Dalbosco, você não se esqueceu da terceira opção? Sim, aquela em que o PT permanecia fiel aos princípios que sempre defendeu. Ou seja, saía de cena com a cabeça erguida e começava um trabalho sério para ganhar as próximas eleições. E evitava essa coligação oportunista que joga o nome do partido na lama.
O chato é que o pessoal nem se preocupa em disfarçar. É tudo uma questão de “espaço” na administração pública. Parece que só não há espaço para a dignidade política e o respeito pelas ideias de esquerda. É puro fisiologismo. É puro interesse em manter uns carguinhos para a rapaziada. É a prova de que os caras já não conseguem viver sem a teta. Ah... maldita dependência.
É triste. O fato é que a tetodependência funciona como as drogas pesadas: o sujeito experimenta a teta pública, o corpo se habitua, a mente sucumbe... e aí já não tem como largar. Para sustentar o vício, perde a dignidade, engole sapos e, em casos como este, até é capaz de se prostituir. Para o viciado, vale tudo por um empreguinho público.
O fato é que os resultados da decisão do partido foram esclarecedores: 24 votos pela coligação com Kennedy, nove a favor do voto nulo e três pela liberação dos militantes. Aliás, não sei quem são esses três, mas imagino que devam ser remanescentes de um tempo em que o PT de Joinville era feito com ideias e ideais. Outros tempos.
Sem querer ser catastrofista, vou fazer o meu prognóstico: se Kennedy Nunes for eleito vai dar uma grandiosa merda. Já imaginaram os times de Kennedy Nunes, Marco Tebaldi e Carlito Merss tentando disputar a sombra de um mesmo guarda-chuva? Virgi... muito mais seguro dormir num ninho de cobras.
Ah... e para quem acha que a coisa não podia piorar para o PT de Joinville, pelo que vejo nas redes sociais o partido acaba de dar uma tremenda queimada no filme com os eleitores. Ninguém defende. Para terminar, vou usar o comentário da jornalista Shirlei Paterno que li no Facebook: “Já vi muita coisa nojenta em política, agora essa do PT joinvilense apoiar o Kennedy foi a pior de todas!”


P.S.: Fui informado, no início da tarde, que foram quatro votos pela liberação: três sindicalistas e um da Juventude. Menos mal, mas ainda muito mal.

Tânia critica propaganda de Kennedy Nunes

  Clique em   Tânia critica propaganda de Kennedy Nunes e veja algumas inverdades que vem sendo divulgadas nessa eleição para prefeito de Joinville.....!!

Comissões de Ética em Enfermagem


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ENFERMAGEM QUER 30 HORAS


Escrito por Marcos de Oliveira. CVJ - Notícias
 

Lideradas pela presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina - Coren, Felipa Amadigi, um grupo de profissionais da categoria foram recepcionadas pelo presidente da Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ), vereador Odir Nunes, na tarde de ontem. Elas solicitaram o apoio do legislativo joinvilense, através de Nunes, para a luta pela aprovação da regulamentação de 30 horas semanais para toda a categoria no país.
“O Projeto de Lei nº 2.295/2000 aguarda para entrar na pauta de votação em plenário na Câmara Federal (CF) e todas as manifestações favoráveis de importantes para a sua aprovação”, manifestou Felipa Amadigi. Elas revelaram que em Joinville são três mil enfermeiros, técnicos e auxiliares que integram a categoria, no Estado de Santa Catarina são 45 mil e no Brasil eles somam 1,8 milhão. Vale lembrar que, os profissionais de enfermagem representam 60% dos trabalhadores de saúde em todo o país.
O parlamentar garantiu que remeterá uma moção, assinada pelo 19 vereadores de Joinville, para o presidente da CF, deputado Marco Maia sugerindo o seu empenho pela aprovação do projeto, e outra para ao prefeito Carlito Merss sugerindo a implantação da carga horária aos profissionais de enfermagem joinvilenses. “Justifica-se o município aprovar e implantar projetos locais por que em Balneário Camboriú o prefeito acatou e a categoria já goza o benefício”, relataram as enfermeiras.
Exposição: As profissionais de saúde para convidar os parlamentares para visitar a exposição fotográfica “Enfermagem: De Cuidado a Gente Entende”, que é uma mostra itinerante que inicia nesta terça-feira, dia 15, na Galeria de Artes Matilde Amim Ghanen, no hall de entrada da Câmara de Vereadores de Joinville, até o dia 26 de outubro, das 13 às 19 horas (entrada grátis).
Na oportunidade Nunes aproveitou para entregar à secretária de Saúde de Joinville, Antônia Grigol e à presidente do Coren um exemplar do livro que resgata os 160 anos de história da Câmara joinvilense: Da Comuna Aos Tempos Atuais. A História do Legislativo de Joinville.
Foto de Sabrina Seibel

terça-feira, 16 de outubro de 2012

PT de Joinville: do auge ao abismo em quatro anos.

Salvador Neto, Jornalista.

Nunca antes na história deste país se fez algo parecido. Lutar durante três décadas para chegar ao poder, e em apenas quatro anos, desabar abismo abaixo. Sim, falo do PT joinvilense, único, da gema, que conseguiu a proeza de conquistar a Prefeitura após várias tentativas, e em apenas um mandato, rasgar a sua estrela relegando milhares de militantes à desgraça (fala deles, não minha, ok?) do apoio fechado e anunciado à Kennedy Nunes, ex-PMDB, ex-PFL, ex-PP, e agora por enquanto do PSD.

Carlito Merss preparou-se durante anos para o momento de assumir o comando da maior cidade catarinense. Ocupou espaços preciosos na Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados, atuou com desenvoltura no governo Lula. Ao chegar ao governo em 2009 levou consigo a esperança de tempos diferentes na velha, conservadora e dependente Joinville. Mas aí começa a derrocada. Erros sobre erros de gestão, da comunicação (essa então, mereceria capítulo à parte!), de habilidade política.
Seu grupo de apoio, conhecido como o núcleo “duro”, hoje sabe-se que não tao duro assim ao ponto de capitular para o algoz do governo petista, passou a exigir currículos de companheiros. A enxergar um espião em cada cargo aliado. A calcular números de dívidas que jamais se confirmaram. A virar as costas para amigos, simpatizantes, companheiros de partido. Até conseguirem perder aliados como o PMDB em primeiro lugar, PR mais à frente com a divisão entre grupos, e finalmente com o PDT.
A incompetência na gestão política, e a péssima comunicação institucional do governo, e a falta da mesma comunicação para proteger a sua estrela maior, Carlito Merss, selaram a receita infalível para a derrocada final, que veio com o pedido, aceito, da cassação da candidatura petista por erro crasso de gestão do orçamento em ano eleitoral. A partir daí começam a procurar os culpados. Estariam eles na mídia? Ou talvez nos outros partidos? Ou mesmo no povo, que não compreende nada? Não conseguem enxergar o óbvio.
Se há culpados dessa derrocada histórica para o PT (olhem que Lula e Dilma estão aí para mostrar como se faz…), são os mesmos que rodeiam o atual Prefeito, que agora lastimavelmente se mostra mais uma vez fraco diante do tal “núcleo duro”, agora envolto com fisiologismos de toda ordem, sob o manto de “continuidade” do governo, etc, e tal. Ora bolas gente, o povo negou essa continuidade! O povo negou ficha suja para o comando da Prefeitura! O povo quer algo diferente, mesmo que agora a escolha em segundo turno seja muito dura. Difícil. Imprevisível.
Ao povo joinvilense agora, o que se pede é atenção, muita atenção. Não há nada novo no segundo turno, é verdade, o não é? Kennedy Nunes é o novo velho na política. Vive dela há mais de 20 anos! Udo é o velho novo que busca um lugar na história da cidade onde nasceu. Um político carreirista, carismático, adepto à demagogia, com base no eleitorado suscetível à religiosidade. Outro, empresário com fama de durão, gestor, sem carisma, com um eleitorado forjado à imagem e semelhança do PMDB e seu comandante máximo LHS, e em sua primeira eleição. Vejam o quanto é difícil a decisão no dia 28 de outubro. Mas vote, vote pelo melhor.
E ao PT, o que sobra? Na modesta opinião deste jornalista que atua e cobre política há 20 anos, é preciso renovar radicalmente a condução do partido. Para retirar a estrela do abismo, amassada, rasgada e espicaçada pelo tombo, é preciso mais que lideranças do arco A, ou B. Será preciso um momento com caras novas, com vontade de reconstruir e fazer partido, como no início desse partido popular. Para isso, talvez seja preciso mais uma derrota. Os militantes dos bairros irão dizer se querem salvar sua estrela para defender Dilma em 2014, ou atirá-la nos braços dos mesmos, sob a tutela de outros.
Ah, e antes que me atirem pedras por todos os lados e redes sociais: ouçam com carinho o que as urnas disseram. Elas são extremamente sábias.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Visite a Exposição da Enfermagem em Joinville.




 
 

Um remédio para matar ou salvar o SUS?


Um remédio para matar ou salvar o SUS?
Em artigo, Sonia Fleury fala sobre recente entrevista do sociólogo e historiador Richard Sennet, que apontou a tendência atual de adoção de um modelo em que as organizações já não empregam trabalhadores, mas compram trabalho. O mesmo estaria se passando com o Estado. Segundo Sonia, há um processo de redução progressiva do papel do Estado a financiador e comprador, o que pode significar o decreto da morte progressiva do SUS.
Por Sonia Fleury, no Le Monde diplomatique Brasil
Será possível pensar um Estado sem funcionários, carreiras, saberes e instituições próprias que sejam a materialização do interesse público em áreas que até mesmo a Constituição define como de relevância pública, como a saúde? Para alguns gestores governamentais, a resposta afirmativa a essas questões fundamenta-se em algumas premissas: a) a perene convivência entre público e privado na saúde; b) o aperfeiçoamento dessas relações por meio de mecanismos contratuais; c) a inexorabilidade da integração entre público e privado em um sistema nacional de saúde.
A primeira premissa tende a confundir a existência pioneira das organizações filantrópicas, hoje integradas como prestadoras do Sistema Único de Saúde (SUS), com a recente emergência do setor empresarial de serviços de saúde. A criação do mercado de saúde no Brasil não se deu de forma espontânea, sendo resultante da política dos governos militares ao subsidiarem o financiamento da construção da rede privada, garantindo sua expansão por meio de contratos com o setor público, em detrimento da rede pública existente. A naturalização da relação público-privada nos serviços de saúde procura obscurecer o caráter político da construção desse mercado, do qual o SUS se tornou prisioneiro.
A segunda premissa sustenta-se na inevitabilidade da convivência e nas vantagens da redução do Estado, delegando a prestação a um ente privado, com mais agilidade no trato do pessoal e liberdade para compras e investimentos sem licitações. Ou seja, de um só golpe livra-se do entulho democrático, criado para proteção dos servidores e da administração pública – do Regime Jurídico Único (RJU) à Lei n. 8.666 – evitando, de quebra, os controles internos, externos e sociais. Todos esses instrumentos, considerados imprescindíveis para fazer valer a primazia do interesse público sobre o privado, deixam de importar quando se parte da falácia da indistinção entre os dois.
As parcerias público-privadas (PPPs) em saúde seriam mais um passo nessa trajetória rumo à consolidação das relações do setor privado no interior do SUS. Em sua modalidade mais completa, implicam a construção e o equipamento das unidades hospitalares pelo setor privado e posterior contratação de seus serviços pelo governo. Isso só se tornou realidade com a primeira PPP hospitalar do Hospital do Subúrbio, estabelecida pelo governo do PT da Bahia, sendo, porém, uma tendência em expansão, com editais abertos em Minas, São Paulo e Rio.
Antes, predominou o modelo paulista, no qual o governo provê a unidade de serviço e contrata uma entidade gestora (Organização Social de Saúde − OSS). Nesse caso, houve preocupação de exigir experiência de no mínimo cinco anos na administração dos serviços próprios de saúde e aprovação do contrato pelo Conselho Estadual de Saúde. Já no Rio de Janeiro nem mesmo essas precauções foram tomadas, o que permitiu a confluência perversa entre os interesses do Estado em busca da redução de encargos e a necessidade de captação de recursos públicos por parte de organizações sociais. Assim, instituições vistas como bastiões na defesa do interesse público passam a ser gestoras privadas de serviços públicos terceirizados, como o Viva Rio, ou a intermediar contratos terceirizados, como a Fiotec.
O pragmatismo envolto em interesse público não consegue acobertar o comprometimento dessas instituições com interesses particulares. Já a nova modalidade inaugurada com a primeira PPP vai além da terceirização, ao prever a construção do hospital pela iniciativa privada e sua contratação pelo governo com base em metas de remuneração por produção e qualitativas. Essa parece ser a nova tendência que se consolida e amplifica os problemas já existentes na relação de parceria em saúde.
Quais seriam esses problemas? Muitos deles já fazem parte de nossa experiência na relação com o setor privado e outros podem ser deduzidos da experiência internacional das PPPs em saúde, que conseguiram abalar até as sólidas bases financeiras do sistema de saúde inglês, sem aumentar a equidade ou a eficiência.
Diferenciações ocorrem nas modalidades de contrato e remuneração de profissionais, atuando, às vezes, na mesma unidade com diferentes vínculos, gerando uma subversão de hierarquias e da lógica do planejamento. Os pacientes do SUS tendem a ser discriminados em unidades privadas, em função do valor da tabela de pagamento do Sistema − situação que se pretende perpetuar por meio da reserva legal de leitos hospitalares para convênios, prevista em São Paulo.
O financiamento público a unidades privadas tem aumentado sistematicamente, justificado pelos aportes de conhecimentos que elas trarão ao sistema público. No entanto, ao não investirem na rede pública, esses recursos podem estar aumentando sua defasagem em relação à rede privada, situação até agora não avaliada. A defesa das parcerias enfatiza a definição de metas, flexibilidade e eficiência como principais argumentos em favor da execução das ações pelo setor privado. Por meio de um contrato transparente, as PPPs aumentarão a capacidade estatal de fazer uma gestão mais flexível, reduzir a politização e os custos, monitorar metas e qualidade. No entanto, a experiência internacional nos ensina que o resultado pode ser o oposto do desejado.
Os principais problemas apontados na literatura internacional são:
Processos de precificação em saúde são extremamente complexos, visto ser um dos setores mais dinâmicos em incorporação tecnológica. Contratos longos, de 25 anos, tendem a fracassar na estimativa de preços, sendo o prejuízo assumido ou pelo governo, com maior ônus financeiro, ou pelo paciente, quando o provedor reduz a qualidade.
A atenção em hospitais públicos no Reino Unido custou menos que em Hospitais PFI (PPP). O impacto das PPPs sobre as desigualdades em saúde foi nulo. O gasto público com saúde aumentou em vez de reduzir.
A politização ocorre na medida em que o governo atual se beneficia da inauguração de unidades de serviços, cujos custos serão amortizados nas décadas seguintes. Agências internacionais patrocinaram as PPPs, inclusive com a exclusão dos contratos de leasingdo cálculo da dívida pública.
Na crise europeia, os contratos com as PPPs mostraram-se inflexíveis, acarretando um ônus maior para cortes em outros setores da administração pública. Usuários e especialistas reclamam que a transparência legalmente assegurada no setor público não se aplica aos contratos das PPPs, que justificam ser segredo parte do negócio privado.
Por fim, a alegação maior de que as PPPs seriam uma solução para o setor da saúde não só por resolver o problema da gestão, mas também o do financiamento, ao injetar recursos privados, parece ser uma grande falácia. Se os problemas começaram com a sistemática redução do financiamento da União para a saúde – DRU, pagamentos indevidos, redução da porcentagem do PIB –, comprometendo a gestão e a qualidade dos serviços públicos, a solução encontrada parece acentuar tais problemas.
Para ver se o fluxo de recursos caminha do privado para o público, como apregoado na PPP ou ao contrário, basta fazer um exercício e identificar que as empresas vencedoras das parcerias são também as principais financiadoras das campanhas políticas. Não por acaso, são também as principais beneficiárias de financiamento público subsidiado via BNDES, para o qual a União emite títulos públicos, aumentando a dívida pública e reduzindo a capacidade de financiamento dos sistemas universais de educação e saúde. Além disso, as beneficiárias das PPPs são isentas de contribuições que financiam a seguridade social, fechando-se assim o círculo.
Enfim, ao igualar o público e o privado em busca de crescente interação rumo a um projeto de nacionalização do sistema de saúde, o que se está fazendo é reduzir progressivamente o papel do Estado a financiador e comprador, o que seria decretar a morte progressiva do SUS.
Sonia Fleury é doutora em Ciência Política, professora titular da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape/FGV), onde coordena o Programa de Estudos da Esfera Pública (Peep), ex-presidente do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e membro da Plataforma Política Social – Agenda para o Brasil do Século XXI.