POR GUILHERME GASSENFERTH
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Udo conta voto a voto :P |
Embora Colombo tenha vencido ainda no primeiro
turno, foi da mesma forma nas eleições de 2010. Largou lá de trás e veio
crescendo, até suplantar as duas candidatas favoritas ao título. Por que a
comparação com o governador? Porque a capacidade de crescimento e de virar o
jogo são aspectos que caminham juntos dos vencedores.
No primeiro turno, a campanha peemedebista foi
Udinho Paz e Amor, numa louvável postura de evitar ataques e de apresentar
propostas - o que deve ter sido um dos fatores do seu sucesso. Mas no início do
segundo turno, Döhler estava muito atrás nas pesquisas. A maior parte delas
apontava cerca de 65% para Kennedy e 35% para Udo, numa diferença gritante e que
parecia carimbar o passaporte pessedista para o gabinete ocupado hoje pelo
Carlito Merss. Ao perceber a disparidade, Udo partiu para o ataque, promovendo
quase que táticas de blitzkrieg contra o seu oponente, que em muitas
vezes ficou atordoado com a inesperada artilharia.
Udo 'kennedyzou' no segundo turno. Usou os mesmos
expedientes que seu adversário, lançando mão de vídeos acusativos (pelo menos
sem denúncias anônimas), ataques diretos e bombardeando as redes sociais. Quem
não curtiu, compartilhou ou pelo menos viu alguma das ilustrações da cômica
série "Dá Pra Fazer"? É uma alusão às sandices que Kennedy promete mesmo sem
qualquer nível de realidade maior que a do "mundo de Bobby". Teve também o vídeo que mostra Kennedy afirmando: "isto é compromisso, nós
vamos baixar o valor da água em Joinville". Alguns meses depois, o mesmo Kennedy
diz: "eu nunca disse que iria baixar o valor da água em Joinville". Pegou mal e
certamente tirou votos do Kennedy e deu pra Udo.
Além disso, a postura de Udo passou a se aproximar
da demagogia que parece encantar o povo. Abrir mão do salário é uma dessas
iniciativas. Embora o cardápio sirva política a la Kennedy, parece que é neste
restaurante que os eleitores gostam de comer. E talvez Udo tenha acertado nas
estratégias. Doar seu salário de prefeito significará um milhão de reais no
bolso de entidades beneficentes da cidade. O povo, que acha que os políticos
emprestam suas carinhas para as fotos da urna eletrônica só em troca de altos
salários e poder, vê com bons olhos um candidato que abra mão de um salário
polpudo como este. Mais um pontinho na caderneta do 15.
Há de se considerar o inesperado - pelo menos por
mim - apoio dos sindicatos de trabalhadores à campanha de Udo. Invalidou o
discurso de que Udo é o candidato dos patrões, uma vez que quase 30 sindicatos
aderiram à sua candidatura, inclusive o sindicato dos trabalhadores em
indústrias têxteis. Este apoio é o mais simbólico de todos, porque demonstra que
a relação de Udo (presidente do sindicato patronal) com o sindicato laboral é,
no mínimo, respeitosa. "São pelegos", alguns dirão. Pode ser, acredito que há
sindicatos pelegos. Mas 29 pelegos? Aí dificulta um pouco. A propósito, o vice
do Kennedy é de uma das quatro associações empresariais mais importantes da
cidade, a ACOMAC. Ele não é patrão?
Outra fonte de votos importante para Döhler é a
coligação-ornitorrinco formada na cidade, por Kennedy, Carlito e Tebaldi. Assim
como Tebaldi saiu de mais de 40% dos votos para 15%, a população não ficaria
impassível diante dos programas de TV que mostram que votar Kennedy representa
fazer voltar Tebaldi e continuar Carlito, os dois candidatos mais rejeitados.
Tem gente de que tanto nojo desta súcia junção resolveu
abandonar a orientação partidária e votar Udo.
Não se deve deixar de considerar as pessoas que
estavam inclinadas a anular o voto mas, diante das circunstâncias e do medo da
vitória do Kennedy, sufragarão Udo para evitar o mal maior. Não é em quem
gostariam de votar, mas entendem que um dos dois vencerá as eleições de qualquer
forma e pretendem passar a atuar para que o PSD não vença. Disse Max Weber:
"neutro é quem já se decidiu pelo mais forte".
Todos estes fatores somados mostram que o número
de eleitores de Döhler está crescendo muito. Informações extraoficiais recebidas
na noite passada demonstram que Udo e Kennedy entraram num empate técnico, o que
corrobora esta tese. Mas se antes Kennedy e Udo tinham uma diferença gritante e
agora colaram, é porque há forte viés de queda de Kennedy e ascensão de Udo.
Desta forma, diferentemente do que vinham pensando algumas pessoas, Udo não só
está no páreo como é possível que neste momento já tenha ultrapassado Kennedy e
esteja a dois dias de sagrar-se prefeito da maior cidade de Santa
Catarina!
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