quinta-feira, 10 de março de 2011

Minha reflexão concreta sobre o futuro do SUS !

De tanto ouvir falar que o SUS não funciona, opinião essa vinda de tudo que é direção, tem horas que bate uma dúvida cruel, e fica a pergunta que não quer calar: O SUS tem jeito? Será uma missão impossível? Então vamos falar um pouco sobre isso tudo.

Nós trabalhadores de saúde envolvidos com a construção de um Sistema Único de Saúde de qualidade, sabemos que ele é acima de tudo uma política pública importante e prioritária, e que os governos (municipais, estaduais e federal) precisam dar mais atenção a esse belo sistema.

Se formos avaliar, são mais de 20 anos de SUS e aí fica a pergunta: até onde avançamos? Parece que o avanço foi muito pequeno, em especial na reforma da gestão, ponto crucial e de debates acalorados desde as últimas eleições para governadores e presidente da república. Não podemos esquecer que escondido nessa discussão está o aspecto do descrédito na gestão estatal, ficando claro muitas vezes, até para quem acredita piamente, a sensação de inércia e de incapacidade do SUS de fazer a sua reforma administrativa, e dá os resultados esperados pela população. Então, essa inércia vai deixando um sentimento muito forte de impaciência, em especial na população de baixa renda que necessita e dependem 100% dele, pois ela quer ver um desempenho de gestão adequado, quer produtividade, qualidade, quer a diminuição da fila, e sabemos que boa parte da fila no Brasil é um problema de gestão, não é nem mesmo de capacidade instalada. Pois não existe avaliação de risco nas unidades, não há ninguém que se responsabilize para garantir o acesso imediato de quem tem um diagnóstico de risco, só para ficar em alguns poucos exemplos. Então fica claro que é muito mais um problema de gestão, ainda que haja um problema de acesso também.

Outro ponto fundamental que não temos nem como discutir é a pouca informatização dessa imensa rede de assistência, isso é um absurdo! Perguntamos: o quanto nossos gestores já gastaram em informatização em pleno século XXI! Portanto se quisermos estabelecer algo concreto para nossa população precisamos apresentar algumas alternativas concretas, em especial na área de gerência, e uma das grandes características mais marcantes na atualidade é o forte aspecto e a característica regional dessa gerência. Precisamos investir na regionalização, pois um SUS de caráter apenas municipal não tem mais saída. Encontramos inúmeros municípios que investem muito acima dos 15% obrigatórios pela legislação federal, e mesmo assim tem seus serviços de saúde, mal avaliados. Dessa forma precisamos construir uma REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE com vários municípios (macrorregional), de preferência respeitando todos os aspectos socioculturais e econômicos dos mesmos, superando as imensas desigualdades de acesso e os vazios assistenciais. Caso contrário vamos fragmentar o SUS mais ainda. Nessa direção não podemos perder a oportunidade e a bela experiência atualmente lançada em nossa região do Planalto Norte e Nordeste de Santa Catarina.

Os governos municipais, com apoio da Secretaria de Estado da Saúde e do Ministério da Saúde, precisam expandir a rede de atenção primária à saúde (Unidades Básicas de Saúde) e organizar uma rede assistencial de qualidade. Outro ponto importante é que precisamos resgatar a belíssima ideia do cartão de saúde (Cartão SUS), importante ferramenta para a gestão. Entre seus usos, o controle de prazos de espera, continuidade do atendimento e ressarcimento ao SUS.

Enfim, parece o obvio, mas não podemos descuidar minimamente das instalações físicas existentes, algumas precárias e sujas, repor e consertar equipamentos quebrados e rever as regras invisíveis entre empregador e servidor público do "eu finge que pago e você finge que trabalha". Chega de ouvir por parte da população que vai procurar o postinho de saúde, visão essa no meu entendimento não apenas carinhosa mais muito pejorativa e que denegri a grande importância desse espaço de saúde.



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