
Gilson Carvalho2
Quem de nós não deseja proteger sua cria, sua família, seus amigos? É uma característica da raça humana e assim parece ser na maioria das espécies animais. Enxergo, nesta lógica, mas, sem nenhuma razão, administradores públicos e parlamentares esperneando diante da caça aos nepotes, com a afirmação perolar: - “Parente também é competente e não pode ser prejudicado em seu direito de emprego, só por ser parente!” A prática é tão milenar e entranhada que chegam a julgar-se perseguidos e prejudicados pois, exatamente na vez e momento deles – por vezes tão cobiçado – querem acabar com isto! O toque diferencial da proteção familiar e por amizade se dá no espaço em que é realizada. Se no privado, é uma coisa, se no público outra. No privado existem exemplos de indicação de familiares e amigos extremamente benéficos aos empreendimentos que ganham em eficiência. Conheci empresas cuja política de contratação incluía a admissão de parentes e conhecidos de funcionários pela experiência delas de que havia melhora do desempenho com a co-responsabilidade da relação externa ao trabalho. Vivo pedindo empregos no setor privado para parentes e amigos, usando meu círculo de relações. Diferentemente no público, o espaço não é do cidadão transitoriamente eleito para gerir ou fiscalizar a “res publica”, propriedade comum a todos. O acesso aos postos de trabalho públicos, exceto os de livre nomeação, deve ser aberto a todos que comprovem competência para desempenhar as funções. Os de livre nomeação exigem critérios ainda mais rigorosos de saber técnico, político e humano pois ocuparão assessorias e alta direção. Infelizmente, a prática nepotista é rotineira em todas as administrações, qualquer que seja o partido, da direita à esquerda passando pelo centro. Os parentes nepotes assediam e os nepotistas, prontamente, os beneficiam. Bom é que o Ministério Público esteja caçando esta prática. Que não pare nas contratações diretas de parentes. Que vá fundo no nepotismo cruzado que extrapola cada poder e se esconde de um poder no outro incluindo a administração indireta, o terceiro setor conveniado ou contratado. O próximo passo deve ser a caça ao nepotismo nos Conselhos Públicos (Saúde, Educação, Segurança, Meio Ambiente, Idoso etc.). Aí também pode existir conselheiro, até como dirigente, cujo voto esteja atrelado à Administração por parente pendurado na gestão direta, indireta ou terceirizada pública. Podemos estar perdendo o peso constitucional do controle dos Conselhos Públicos, por votos conspurcados no nepotismo sorrateiro praticado. Sonho com o dia em que caçaremos o nepotismo a alguns (por vezes muitos) “filhiados” a partidos do poder que repousam em sinecuras públicas sem a mínima competência ou vontade de trabalhar. O primeiro passo poderia ser a redução drástica dos cargos de livre nomeação de chefes e assessores. Seria um excelente projeto de lei para administrador estadista ou parlamentar, comprometidos com sua cidadania. Dia virá em que exerceremos nosso papel pleno de cidadãos controlando melhor os eleitos, que, na transitoriedade, nos governam. Parabéns ao Ministério Público.
1 Este texto foi publicado no Jornal Vale Paraibano de São José dos Campos – Maio 2007
2 Gilson Carvalho - Médico Pediatra e de Saúde Pública - carvalhogilson@uol.com.br - O autor adota a política do copyleft podendo este texto ser copiado e divulgado, independente de autorização e desde que sem fins comerciais.
Quem de nós não deseja proteger sua cria, sua família, seus amigos? É uma característica da raça humana e assim parece ser na maioria das espécies animais. Enxergo, nesta lógica, mas, sem nenhuma razão, administradores públicos e parlamentares esperneando diante da caça aos nepotes, com a afirmação perolar: - “Parente também é competente e não pode ser prejudicado em seu direito de emprego, só por ser parente!” A prática é tão milenar e entranhada que chegam a julgar-se perseguidos e prejudicados pois, exatamente na vez e momento deles – por vezes tão cobiçado – querem acabar com isto! O toque diferencial da proteção familiar e por amizade se dá no espaço em que é realizada. Se no privado, é uma coisa, se no público outra. No privado existem exemplos de indicação de familiares e amigos extremamente benéficos aos empreendimentos que ganham em eficiência. Conheci empresas cuja política de contratação incluía a admissão de parentes e conhecidos de funcionários pela experiência delas de que havia melhora do desempenho com a co-responsabilidade da relação externa ao trabalho. Vivo pedindo empregos no setor privado para parentes e amigos, usando meu círculo de relações. Diferentemente no público, o espaço não é do cidadão transitoriamente eleito para gerir ou fiscalizar a “res publica”, propriedade comum a todos. O acesso aos postos de trabalho públicos, exceto os de livre nomeação, deve ser aberto a todos que comprovem competência para desempenhar as funções. Os de livre nomeação exigem critérios ainda mais rigorosos de saber técnico, político e humano pois ocuparão assessorias e alta direção. Infelizmente, a prática nepotista é rotineira em todas as administrações, qualquer que seja o partido, da direita à esquerda passando pelo centro. Os parentes nepotes assediam e os nepotistas, prontamente, os beneficiam. Bom é que o Ministério Público esteja caçando esta prática. Que não pare nas contratações diretas de parentes. Que vá fundo no nepotismo cruzado que extrapola cada poder e se esconde de um poder no outro incluindo a administração indireta, o terceiro setor conveniado ou contratado. O próximo passo deve ser a caça ao nepotismo nos Conselhos Públicos (Saúde, Educação, Segurança, Meio Ambiente, Idoso etc.). Aí também pode existir conselheiro, até como dirigente, cujo voto esteja atrelado à Administração por parente pendurado na gestão direta, indireta ou terceirizada pública. Podemos estar perdendo o peso constitucional do controle dos Conselhos Públicos, por votos conspurcados no nepotismo sorrateiro praticado. Sonho com o dia em que caçaremos o nepotismo a alguns (por vezes muitos) “filhiados” a partidos do poder que repousam em sinecuras públicas sem a mínima competência ou vontade de trabalhar. O primeiro passo poderia ser a redução drástica dos cargos de livre nomeação de chefes e assessores. Seria um excelente projeto de lei para administrador estadista ou parlamentar, comprometidos com sua cidadania. Dia virá em que exerceremos nosso papel pleno de cidadãos controlando melhor os eleitos, que, na transitoriedade, nos governam. Parabéns ao Ministério Público.
1 Este texto foi publicado no Jornal Vale Paraibano de São José dos Campos – Maio 2007
2 Gilson Carvalho - Médico Pediatra e de Saúde Pública - carvalhogilson@uol.com.br - O autor adota a política do copyleft podendo este texto ser copiado e divulgado, independente de autorização e desde que sem fins comerciais.
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