sexta-feira, 11 de abril de 2008

As mortes evitáveis


11 de Abril de 2008.


Artigo do secretário de Saúde de São Paulo, Luis Roberto Barradas, publicado no jornal O Globo, dia 11/04/08

A cada ano, no Brasil, comemora-se o aumento da expectativa de vida, fruto dos avanços da medicina, de novos medicamentos e de políticas de prevenção e promoção de saúde.

Se é fato que estamos vivendo mais e melhor, também é inegável que as grandes metrópoles, em especial São Paulo e Rio de Janeiro, convivem com a interrupção brusca de vidas em razão de acidentes e violência.

São as chamadas "mortes evitáveis", que, em boa parte dos casos, acometem pessoas jovens, 90% na faixa etária dos 15 aos 44 anos, a maioria do sexo masculino.

Essas mortes são responsáveis, anualmente, por mais de 127 mil óbitos no país.

Este dado é alarmante e, segundo o Ministério da Saúde, representa a terceira causa de óbitos, atrás apenas das doenças cardiovasculares e do câncer.

Dos 26 mil óbitos ocorridos em 2006 no Estado de São Paulo, frutos da violência e dos acidentes, 34%, ou seja, 7,4 mil foram decorrentes da violência intencional (homicídios e suicídios). Os demais ocorreram por violência acidental, com 6,6 mil óbitos (25%) causados por acidentes de trânsito.

Além de significar grande perda de vidas, esses óbitos têm impacto importante nas finanças do SUS. Em São Paulo, no ano passado, foram gastos com internações de vítimas da violência mais de R$ 180 milhões.

São Paulo apresentou de 1999 a 2006 uma forte redução nos indicadores de mortalidade por violência. A redução dos óbitos por homicídio no estado foi de 51%, passando de 15,7 mil para 7,6 óbitos anuais, ou seja, foram poupadas mais de 8.000 vidas.

Essa diminuição no número de óbitos é muito maior, por exemplo, que a observada na Colômbia que, com população semelhante, registrou entre 2002 e 2006 uma queda de 40% nos óbitos por homicídio, de 28,8 mil para 17,2 mil mortes, número duas vezes superior ao registrado em São Paulo.

Conforme observado no recém-publicado Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros pela Organização de Estados Ibero-Americanos, São Paulo foi o único estado brasileiro que conseguiu reduzir de forma significativa e sistemática os índices de violência.

O coeficiente de Mortalidade por Homicídio no período de 1999 a 2006 caiu de forma significativa, passando de 44,6 para 18,6 óbitos por 100 mil habitantes. O Brasil, no mesmo período, teve uma redução de 26,2 para 25 óbitos por 100 mil habitantes.

Se excluirmos São Paulo, o país apresentaria aumento no coeficiente, de 21,2 para 26,8 por 100 mil habitantes.

A diminuição da mortalidade por violência em São Paulo, a maior de que se tem conhecimento na América Latina, é resultado de uma política pública focada no aperfeiçoamento técnico-operacional da polícia estadual e na ampliação e melhoria da rede médico-sanitária. Tudo isso aliado ao envolvimento crescente da sociedade com novas leis (proibição de bares em certos locais e horários, por exemplo) e a criação de alternativas para inclusão social da juventude. Essa é a receita que tem auxiliado os paulistas a reduzir a violência em nosso estado.

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