quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O Amianto MATA.....!!!!!


ENSP segue na luta pelo banimento do amianto.

Há mais de dez anos, o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Cesteh/ENSP) realiza pesquisas sobre os riscos da exposição de trabalhadores ao amianto e monitora as condições de trabalho em indústrias têxtil e de cimento por meio do acompanhamento clínico da saúde de seus trabalhadores. Além disso, acompanha o processo e a efetividade da regulação do uso desses produtos e, também, desenvolve trabalhos educativos sobre o tema, alertando as pessoas para o risco de se lidar com essas substâncias e buscando fortalecer o controle social sobre o setor. “Desde que começamos o trabalho de acompanhamento, 10 trabalhadores morreram e alguns estão muito doentes. Hoje, os trabalhadores estão mais conscientes dos riscos que correm, mas muitos ainda dependem daquele emprego para sobreviver. Algumas fábricas também pararam de usar o amianto, contudo, deixaram um ‘passivo’, ou seja, trabalhadores contaminados que ainda podem adoecer e devem ser acompanhados”, conta a assistente social e pesquisadora Vanda D’Acri, que coordena a equipe.De acordo com Vanda, em 2007, a Faperj aprovou um segundo projeto, o que permite dar continuidade ao trabalho em andamento. Em 2008, segundo ela, a idéia é aprofundar os estudos, dando enfoque à questão ambiental, principalmente em áreas onde há concentração de indústrias de amianto que contaminam e poluem muito a região. “Na AP 33, que abrange Guadalupe, Barros Filho, Colégio, Irajá, e outros, nós pretendemos estudar, além da contaminação dos trabalhadores e da população do entorno das fábricas, a contaminação do meio ambiente”, explica.Segundo ela, por ter um grande período de latência, de até 15 anos, a contaminação pelo amianto é pouco visível, e o desenvolvimento das doenças depende da vulnerabilidade de cada um. “Estamos trazendo à tona as doenças desencadeadas pela contaminação por amianto e dando visibilidade ao assunto. Nosso trabalho não pára”, enfatiza a pesquisadora, explicando que é preciso discutir a relação saúde/trabalho e perceber as causas sociais que levam ao adoecimento: “Não é só a questão profissional e produtiva, mas também a questão social que mantém a produção e uso do amianto no país. O mundo inteiro já confirmou a morbidade, a mortalidade e os agravos que o amianto causa à população e aos trabalhadores e, mesmo assim, o Brasil continua a correr esse risco por conta do lobby político”. Campanha quer conscientizar populaçãoAtor importante na luta pelo banimento do amianto no Brasil, o Cesteh vem desenvolvendo inúmeras atividades nesse sentido. Em abril de 2007, por exemplo, organizou o
Fórum de Adesão do Rio de Janeiro à Campanha Nacional pelo Banimento do Amianto, a fim de estimular o debate sobre o assunto e fortalecer o movimento pela proibição do amianto no Brasil. No evento, aberto ao público, estiveram presentes várias autoridades, dentre as quais, o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, e o vice-presidente de Serviços de Referência e Ambiente da Fiocruz, Ary Miranda, e representantes de movimentos sociais ligados aos trabalhadores do setor. No mundo, mais de 45 países já baniram a fibra, graças aos movimentos sociais, e isso fez diminuir a procura pelo produto no mercado. “Apesar de ainda ser relevante, a demanda tem diminuído a cada dia. As fábricas não conseguem mais exportar produtos com amianto para países onde ele já foi banido. A tendência, portanto, é que o amianto seja trocado por tecnologias alternativas”, esclarece Vanda, reiterando que, no Brasil, no entanto, ainda há um longo caminho a percorrer: “Os fabricantes têm um lobby econômico muito forte e ganham o apoio do governo ao fazerem grandes investimentos na área industrial”. Segundo ela, ainda que o amianto fosse banido imediatamente, os efeitos positivos só seriam constatados nas próximas gerações. “Não queremos fechar fábricas, queremos que elas troquem a tecnologia. A mudança de tecnologia traz encargos financeiros para as empresas, mas vale a pena. Essa é uma questão econômica e política que deve ser enfrentada e sobre a qual a população precisa ter conhecimento”. Em 2007, a necessidade de conscientizar as pessoas sobre o problema deu origem ao vídeo ‘Amianto: um mal que o Brasil ainda permite’, lançado no Congresso Videomed. Entre os planos para 2008, a continuidade da campanha pelo banimento do amianto no Rio de Janeiro, ganha destaque. “Vamos aprofundar a campanha nos diversos bairros do Rio de Janeiro. Não queremos que nenhum trabalhador perca o seu emprego, mas a nossa luta é pelo banimento do amianto”, ressalta.Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente: amianto foi tema de abertura em 2007Outra mostra da importância que a questão do amianto assume na ENSP foi a escolha desse tema para a palestra inaugural do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente, realizada do dia 12 de março. De acordo com o Sérgio Koifman, coordenador do Programa, o tema do amianto foi escolhido por ser de extrema relevância para a saúde pública. O problema, segundo ele, é que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais do asbesto e do amianto. “São dilemas vividos por um país em desenvolvimento, mas que utiliza processos produtivos danosos à saúde”, disse.Na palestra " Amianto e saúde sob as perspectivas do 'ciclo de vida' e da 'cadeia produtiva': riqueza de evidências, pobreza de uma política pública brasileira ", o convidado Rene Mendes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi enfático ao defender o banimento do produto e criticar os que tentam explorar a nocividade da fibra e estabelecer limites e valores seguros de exposição: “Há muitas evidências de que não existem limites seguros de exposição em relação ao asbesto, ou seja. A tendência mundial é o banimento, e é com essa posição que estamos alinhados. Nós defendemos a proibição da extração, da industrialização e do comércio”. Para ele, é preciso ter muita clareza sobre o fato de que a discussão em relação ao uso da fibra de amianto nasceu da preocupação com o ambiente de trabalho e despertou grande atenção na área da Saúde, mas que envolve enormes interesses econômicos e, conseqüentemente, políticos. Saiba mais sobre o amiantoO amianto ou asbesto é uma fibra mineral natural sedosa, de alta resistência mecânica e às altas temperaturas. É incombustível, tem boa qualidade isolante, durabilidade e flexibilidade, entre outras coisas. Além disso, por ser abundante na natureza e ter baixo custo, tem sido largamente utilizado, principalmente pela indústria da construção civil – em telhas e caixas d'água – e em outros setores e produtos, como por exemplo, guarnições de freio (lonas e pastilhas), juntas, gaxetas, revestimentos de discos de embreagem, tecidos, vestimentas especiais, pisos e tintas.De acordo com a Associação Brasileira de Expostos ao Amianto (Abrea), o Brasil está entre os cinco maiores produtores de amianto do mundo e é também um grande consumidor. A maior mina de amianto em exploração no Brasil está situada em Goiás, no município de Minaçu, e é administrada pela empresa Eternit S/A.O amianto, ou asbesto, pertence a dois grupos de minerais: a crisotila (‘asbesto branco’), que representa o grupo das serpentinas, e os minerais anfibólios, representados pela crocidolita (‘asbesto azul’), amosita (‘asbesto marrom’), antofilita, actinolita e tremolita. O amianto branco é o mais minerado no mundo inteiro (cerca de 95%). No que diz respeito à saúde, o uso do asbesto está relacionado à asbestose, ao câncer de pulmão e ao mesotelioma maligno de pleura (tumor na camada que reveste o pulmão).

Nenhum comentário: