
CORRUPÇÃO & CORRUPTORES
Por Luciano Martins Costa em 28/1/2008
Comentário para o programa radiofônico do OI, 28/1/2008
Está na Folha de S.Paulo desta segunda-feira (28/1) a frase que sintetiza a mistura perversa entre política e negócios no Brasil. A tal frase foi dita, segundo o jornal, pelo suplente de senador Édison Lobão Filho, do Partido Democratas, a respeito de uma dívida com o Banco do Nordeste, no valor de 5 milhões e meio de reais: "Estou pouco me lixando".
Lobão Filho estava simplesmente vocalizando a idéia de impunidade que pode ser lida, todos os dias, em todos os jornais. Apenas nas edições de segunda-feira pode-se ler uma dezena de exemplos de criminosos, cúmplices e suspeitos que simplesmente "estão se lixando" para as acusações que pesam contra eles.
Estava "se lixando", por exemplo, o ex-ditador da Indonésia Suharto, que morreu sem ser julgado por centenas de milhares de assassinatos e por corrupção. Da mesma forma "se lixam" autoridades da Suíça, país onde Suharto e seus filhos supostamente esconderam 45 bilhões de dólares roubados de seu país. Também vem "se lixando" para a Justiça o médico nazista Aribert Heim, conhecido como "Doutor Morte", procurado desde 1962 por atrocidades cometidas em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
Da mesma forma estão "se lixando" os pecuaristas e plantadores de soja, apontados como responsáveis pelo crescimento do desmatamento da Amazônia, assim como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que manda recados através da imprensa à cúpula do partido, ameaçando espalhar a culpa pelos empréstimos bancários suspeitos que resultaram no escândalo chamado "mensalão".
Finalmente, também devem estar "se lixando" os suspeitos de haver assassinado o ex-presidente João Goulart.
Episódios isolados
Os jornais vêm publicando em conta-gotas informações creditadas a um ex-funcionário do serviço de inteligência do governo uruguaio, que diz ter participado de uma operação para envenenar o ex-presidente do Brasil. Mas não há sinais de avanço nas investigações. Nos jornais, o que se lê é apenas isso: declarações.
De certa forma, ao tratar cada um desses casos como episódios isolados, os jornais talvez estejam contribuindo para que culpados e suspeitos continuem pouco preocupados com a possibilidade de uma punição. Eles também devem estar "se lixando" para o que diz a imprensa.
Comentário para o programa radiofônico do OI, 28/1/2008
Está na Folha de S.Paulo desta segunda-feira (28/1) a frase que sintetiza a mistura perversa entre política e negócios no Brasil. A tal frase foi dita, segundo o jornal, pelo suplente de senador Édison Lobão Filho, do Partido Democratas, a respeito de uma dívida com o Banco do Nordeste, no valor de 5 milhões e meio de reais: "Estou pouco me lixando".
Lobão Filho estava simplesmente vocalizando a idéia de impunidade que pode ser lida, todos os dias, em todos os jornais. Apenas nas edições de segunda-feira pode-se ler uma dezena de exemplos de criminosos, cúmplices e suspeitos que simplesmente "estão se lixando" para as acusações que pesam contra eles.
Estava "se lixando", por exemplo, o ex-ditador da Indonésia Suharto, que morreu sem ser julgado por centenas de milhares de assassinatos e por corrupção. Da mesma forma "se lixam" autoridades da Suíça, país onde Suharto e seus filhos supostamente esconderam 45 bilhões de dólares roubados de seu país. Também vem "se lixando" para a Justiça o médico nazista Aribert Heim, conhecido como "Doutor Morte", procurado desde 1962 por atrocidades cometidas em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.
Da mesma forma estão "se lixando" os pecuaristas e plantadores de soja, apontados como responsáveis pelo crescimento do desmatamento da Amazônia, assim como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que manda recados através da imprensa à cúpula do partido, ameaçando espalhar a culpa pelos empréstimos bancários suspeitos que resultaram no escândalo chamado "mensalão".
Finalmente, também devem estar "se lixando" os suspeitos de haver assassinado o ex-presidente João Goulart.
Episódios isolados
Os jornais vêm publicando em conta-gotas informações creditadas a um ex-funcionário do serviço de inteligência do governo uruguaio, que diz ter participado de uma operação para envenenar o ex-presidente do Brasil. Mas não há sinais de avanço nas investigações. Nos jornais, o que se lê é apenas isso: declarações.
De certa forma, ao tratar cada um desses casos como episódios isolados, os jornais talvez estejam contribuindo para que culpados e suspeitos continuem pouco preocupados com a possibilidade de uma punição. Eles também devem estar "se lixando" para o que diz a imprensa.
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