
Hoje foi o primeiro dia da volta às aulas. Acompanhei a minha filha em parte do trajeto e aproveitei o retorno da rotina escolar para caminhar. O dia ainda estava em meia obscuridade. Os primeiros raios de sol se insinuavam. Logo, o sol se imporia em sua plenitude. Coisas do horário de verão que o Estado nos impõe.
Após ela pegar o ônibus para a escola, continuei a andar. O meu trajeto não é pré-estabelecido, faço o caminho ao caminhar. Maringá é uma cidade arborizada e é prazeroso andar ao amanhecer, sentir o odor da natureza, a brisa amena e a temperatura aumentar à medida que o sol se levanta e o tempo avança.
Passei em frente ao cemitério e olhei para o seu interior. Esta visão reafirma o quanto frágil é o ser humano e qual o destino final do caminhar na estrada da vida. A consciência da finitude alimenta a humildade. Num mundo onde a impera a vaidade, e isto parece ser mais forte no campus universitário, é um bom antídoto.* Pouco à frente, vi um cachorro morto e, instintivamente, desviei meu olhar. Fiquei a pensar como a morte se apresenta em várias facetas e porque nos atemorizamos.
Segui o caminho e me ocupei com outras imagens e reminiscências. Mais adiante, várias mulheres aguardavam, em frente a uma indústria, o início da labuta diária. Também observei uma oficina mecânica, com máquinas aparentemente ultrapassadas, mal iluminada, poeirenta e suja. Novamente, meu pensamento regressou no tempo e eu senti orgulho das minhas origens.Lembrei das fábricas de auto-peças de Diadema, onde a mão-de-obra era majoritariamente feminina. Recordei os anos de convívio com aquelas operárias, na porta de fábrica distribuindo a Tribuna Metalúrgica, em reuniões e assembléias. Na atividade sindical descobri a necessidade de atuar politicamente, a utopia e a paixão pelo saber. Mas também me descobri apaixonado e fui agraciado com um tesouro de valor imensurável: minha família.
A militância sindical e partidária transformou muitos daqueles companheiros em figuras notáveis que aparecem na mídia nem sempre por motivos ilustres. Alguns se tornaram deputados e altos dirigentes em postos do Estado. Um até chegou à presidência da república!
Após muito andar e pensar, me vi diante da escola que minha filha estuda. Ainda havia estudantes em frente ao prédio. Observei-os. Eles pareciam felizes pelo reencontro. Estão numa idade em que a vida parece uma festa, vivem o agora. De novo, recordei aquelas operárias cujos filhos, e mesmo elas, muito provavelmente foram obrigados a abandonar os estudos ou estudar à noite para trabalhar e ajudar no orçamento. Muitos tiveram que sacrificar a adolescência. Sem isso, o futuro estaria comprometido.
Os filhos da classe média agem como se o futuro lhes pertencessem. Suas preocupações não são as essenciais, das quais depende a própria sobrevivência. Se isto parece vantajoso, pois os pais podem garantir as condições para que se dediquem apenas aos estudos, trás o risco de não desenvolverem a autonomia e responsabilidade necessárias para viverem em sociedade. Mimados e sem a consciência das dificuldades que a realidade impõe, tendem a imaginar que tudo podem. E se tornam um perigo para si mesmos e a sociedade.
Lembrei de quando era criança e adolescente, das escolas que passei e dos professores e professoras que marcaram ou simplesmente passaram pela minha vida. Senti saudade e uma certa ponta de tristeza. Quando temos muito que lembrar e tempo para fazê-lo, é sinal de que estamos idosos ou próximos da velhice. Mas isso tem lá as suas vantagens...
Após ela pegar o ônibus para a escola, continuei a andar. O meu trajeto não é pré-estabelecido, faço o caminho ao caminhar. Maringá é uma cidade arborizada e é prazeroso andar ao amanhecer, sentir o odor da natureza, a brisa amena e a temperatura aumentar à medida que o sol se levanta e o tempo avança.
Passei em frente ao cemitério e olhei para o seu interior. Esta visão reafirma o quanto frágil é o ser humano e qual o destino final do caminhar na estrada da vida. A consciência da finitude alimenta a humildade. Num mundo onde a impera a vaidade, e isto parece ser mais forte no campus universitário, é um bom antídoto.* Pouco à frente, vi um cachorro morto e, instintivamente, desviei meu olhar. Fiquei a pensar como a morte se apresenta em várias facetas e porque nos atemorizamos.
Segui o caminho e me ocupei com outras imagens e reminiscências. Mais adiante, várias mulheres aguardavam, em frente a uma indústria, o início da labuta diária. Também observei uma oficina mecânica, com máquinas aparentemente ultrapassadas, mal iluminada, poeirenta e suja. Novamente, meu pensamento regressou no tempo e eu senti orgulho das minhas origens.Lembrei das fábricas de auto-peças de Diadema, onde a mão-de-obra era majoritariamente feminina. Recordei os anos de convívio com aquelas operárias, na porta de fábrica distribuindo a Tribuna Metalúrgica, em reuniões e assembléias. Na atividade sindical descobri a necessidade de atuar politicamente, a utopia e a paixão pelo saber. Mas também me descobri apaixonado e fui agraciado com um tesouro de valor imensurável: minha família.
A militância sindical e partidária transformou muitos daqueles companheiros em figuras notáveis que aparecem na mídia nem sempre por motivos ilustres. Alguns se tornaram deputados e altos dirigentes em postos do Estado. Um até chegou à presidência da república!
Após muito andar e pensar, me vi diante da escola que minha filha estuda. Ainda havia estudantes em frente ao prédio. Observei-os. Eles pareciam felizes pelo reencontro. Estão numa idade em que a vida parece uma festa, vivem o agora. De novo, recordei aquelas operárias cujos filhos, e mesmo elas, muito provavelmente foram obrigados a abandonar os estudos ou estudar à noite para trabalhar e ajudar no orçamento. Muitos tiveram que sacrificar a adolescência. Sem isso, o futuro estaria comprometido.
Os filhos da classe média agem como se o futuro lhes pertencessem. Suas preocupações não são as essenciais, das quais depende a própria sobrevivência. Se isto parece vantajoso, pois os pais podem garantir as condições para que se dediquem apenas aos estudos, trás o risco de não desenvolverem a autonomia e responsabilidade necessárias para viverem em sociedade. Mimados e sem a consciência das dificuldades que a realidade impõe, tendem a imaginar que tudo podem. E se tornam um perigo para si mesmos e a sociedade.
Lembrei de quando era criança e adolescente, das escolas que passei e dos professores e professoras que marcaram ou simplesmente passaram pela minha vida. Senti saudade e uma certa ponta de tristeza. Quando temos muito que lembrar e tempo para fazê-lo, é sinal de que estamos idosos ou próximos da velhice. Mas isso tem lá as suas vantagens...
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