
Nosso meio político está em farrapos. É claro que isso não é novidade para ninguém. Todavia, em uma primeira e superficial análise, podemos nos questionar sobre os motivos que levam nosso povo a eleger políticos como os atuais. Como é possível tamanha massa deste País depositar sua confiança em homens tão suspeitos, tão auto-incriminados, tão desavergonhados? A resposta também é conhecida por muitos. Nosso povo não é politizado. E como poderia ser? A palavra politizado gera repulsa, mesmo na maioria da população com bons níveis cultural e intelectual.Assim, não se pode esperar que nossa realidade seja diferente. Na maioria dos países da Europa ocidental, a politização é intrínseca ao cidadão, é introduzida à sua forma de pensar desde a segunda infância. Aqui, este assunto remete ao enfadonho, ao “chatismo”, ao pseudo-intelectual metido que tenta se mostrar especial. Em decorrência de tal quadro, os ainda honestos e comprometidos políticos de nossa cidade, Estado e País sofrem um perverso dilema moral, não tendo opções razoáveis para continuar na luta por uma política mais digna e altruísta.Claro, pois, sem ilusões, se nossos políticos honestos pensarem apenas em fazer política para pessoas politizadas, apresentando propostas dentro das normas da ética, das pontuais restrições legais, sem usarem da política do pão e circo, da propaganda subliminar, dos crimes e contravenções eleitorais, frisa-se, cometidos pela maioria, dificilmente serão eleitos frente a um eleitorado como o nosso. Pensar o contrário pode ser confortante, mas não passa de auto-engano programado.Desta forma, o político honesto tem duas opções: entrar no jogo, ainda dentro dos seus limites morais, e vencer, para lá dentro tentar mudar essa triste realidade; ou manter sua conduta ética, sem vergar para os procedimentos consolidados por nosso povo e cultura. Se prestarmos bastante atenção, veremos que aqui mesmo em nossa cidade ainda existem políticos honestos que não vergam para as corrosivas regras desse jogo. Se, por um lado, tal fato é uma verdadeira dádiva, assim como um oásis no meio do Saara, por outro, se mostra uma preocupação, pois, dentro do contexto político atual, as chances de sobrevivência desses poucos são remotas.Lá dentro, para os políticos incorruptíveis, a convivência é infernal: boicotes generalizados fazem parte de um cotidiano em que as negociatas ocorrem às claras, as torneiras que ilicitamente enriquecem e engordam os caixas dois das campanhas restam abertas, aumentando ainda mais as dificuldades desses poucos heróis que, por fim, ainda têm de conviver com o preconceito generalizado de uma sociedade por vezes hipócrita.Apesar do quadro atemorizante, a legitimidade e a força desses poucos políticos, somada aos avanços que nossos tribunais têm galgado, demonstram que o fim deste negro túnel está muito mais próximo do que em passado recente. Uma saudável luz nos espera.
Escrito por Leonardo Augusto Beckhauser - Advogado
Nenhum comentário:
Postar um comentário